Senhora Presidente, meus caros consócios, os Jornais noticiam a proposta de cortes orçamentários, pelo governo, nas cadeiras acadêmicas de sociologia e filosofia.
Essa medida mostra a falta de percepção e mesmo conhecimento das autoridades pela cultura e, em especial, pela importância das chamadas ciências humanas na visão do mundo.
Além dos limites de nossas fronteiras governamentais, há no mundo uma tendência para exaltar o emprego da matemática através dos dados e algoritmos e um exacerbar da técnica como formula de solução de todos os problemas, quando os algoritmos podem substituir grande parte dos processos mas mesmo entre estes se antepõe o juízo e a convicção que nenhum algoritmo substitui.
Uma reação a esses movimentos já se faz sentir com pronunciamentos contra as medidas governamentais por parte de pensadores nacionais e internacionais e no mundo acadêmico há um alerta geral contra a onda tecnicista que domina parte das ideias contemporâneas.
Os dados e as técnicas podem ajudar o conhecimento da sociedade, mas o humano e, portanto, o social, o econômico e próprio direito, a magistratura são muitos mais complexos que o frio dos dados, do algoritmo e da própria matemática.
Temo menos pelas medidas governamentais do que pela ideologia dos números e da técnica que pode pela sua facilidade de absorção e simplificação dominar parte de nossa inteligência que mantém, ainda, o ranço colonial de "primeiro mundo".
Este, Senhora Presidente, o alerta que permito submeter a este plenário num momento de predomínio dos números e da técnica, pois o social transcende o mundo dos números.
OS MEMBROS DO IAB ATUAM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. FILIE-SE!