A ADPF 635 foi ajuizada pelo PSB, em novembro de 2019, com o objetivo de questionar a política de segurança pública adotada no Rio, que, conforme argumentou o partido, “expõe os moradores de áreas conflagradas a profundas violações dos seus direitos fundamentais”. Em agosto do ano passado, o Plenário do STF referendou uma liminar do ministro Edson Fachin. O relator determinou que durante a pandemia as operações policiais em comunidades do Rio ficassem restritas a casos excepcionais, e sob o acompanhamento do Ministério Público estadual.

Banalização da violência – Humberto Adami contextualizou historicamente o racismo que, segundo ele, está presente nas arbitrariedades policiais cometidas contra as populações das comunidades. “A letalidade policial que atinge, preponderantemente, a população negra e parda das favelas, tem origem na violência da escravidão”, afirmou o advogado. Para ele, “é preciso acabar com essa banalização da violência contra pretos e pardos e, também, com a dormência da sociedade brasileira diante de algo tão grave”.
O advogado defendeu que a verdadeira história seja contada nas salas de aula: “Nós, pela Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil da OAB Nacional, encaminhamos um pedido ao Conselho Nacional de Educação para que imponha às faculdades de Direito a obrigatoriedade de estudos sobre a História da África e das populações afro-brasileiras, para que muitos aprendam que negros e pardos fazem parte da população e conheçam as suas trajetórias”.
Também participaram da audiência pública representantes do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial vinculado à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão; do Grupo Mães da Maré Vítimas da Violência do Estado; do Instituto de Defesa da População Negra; da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro; da Universidade Zumbi dos Palmares; do Movimento Parem de Nos Matar e do Coletivo Papo Reto, entre outros.