Ao anunciar o início da exposição de Humberto Adami, o ministro Edson Fachin saudou também “a presidente do histórico IAB”, e ressaltou ter recebido “o importante parecer produzido pelo Instituto”. O ministro se referiu ao parecer elaborado pela Comissão de Igualdade Racial, estabelecendo os aspectos jurídicos que amparam a reparação da escravidão, medida considerada fundamental para eliminar as situações de desigualdade e discriminação racial ainda presentes na sociedade brasileira. Relatado por Humberto Adami e subscrito pelos membros da comissão, o documento foi aprovado por aclamação pelo plenário do IAB na sessão ordinária virtual do dia 9 de setembro de 2020. “O parecer já foi enviado a mais de 200 órgãos públicos do País”, informou Humberto Adami.
A ADPF 635 foi ajuizada pelo PSB, em novembro de 2019, com o objetivo de questionar a política de segurança pública adotada no Rio, que, conforme argumentou o partido, “expõe os moradores de áreas conflagradas a profundas violações dos seus direitos fundamentais”. Em agosto do ano passado, o Plenário do STF referendou uma liminar do ministro Edson Fachin. O relator determinou que durante a pandemia as operações policiais em comunidades do Rio ficassem restritas a casos excepcionais, e sob o acompanhamento do Ministério Público estadual.
Banalização da violência – Humberto Adami contextualizou historicamente o racismo que, segundo ele, está presente nas arbitrariedades policiais cometidas contra as populações das comunidades. “A letalidade policial que atinge, preponderantemente, a população negra e parda das favelas, tem origem na violência da escravidão”, afirmou o advogado. Para ele, “é preciso acabar com essa banalização da violência contra pretos e pardos e, também, com a dormência da sociedade brasileira diante de algo tão grave”.
O advogado defendeu que a verdadeira história seja contada nas salas de aula: “Nós, pela Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil da OAB Nacional, encaminhamos um pedido ao Conselho Nacional de Educação para que imponha às faculdades de Direito a obrigatoriedade de estudos sobre a História da África e das populações afro-brasileiras, para que muitos aprendam que negros e pardos fazem parte da população e conheçam as suas trajetórias”.
Também participaram da audiência pública representantes do Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial vinculado à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão; do Grupo Mães da Maré Vítimas da Violência do Estado; do Instituto de Defesa da População Negra; da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro; da Universidade Zumbi dos Palmares; do Movimento Parem de Nos Matar e do Coletivo Papo Reto, entre outros.
OS MEMBROS DO IAB ATUAM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. FILIE-SE!