Amaral também ressaltou que a Sicredi fechou parceria com a International Finance Corporation (IFC) para captar US$ 120 milhões com destino a projetos de energia solar no Brasil. “As cooperativas do Sicredi evitaram a emissão de 580 toneladas de carbono e o sistema neutralizou 100% das emissões de gases de efeito estufa, apoiando cinco projetos alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda da ONU”, disse a advogada.
Na abertura do evento, a 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amélia Menna Barreto, elogiou a iniciativa do encontro, que foi promovido pela Comissão de Estudos sobre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável/ONU. Ela lembrou que a presidência da Casa de Montezuma, alinhada com os compromissos verdes, transformou a comissão, antes temporária, em permanente.
Presidente do grupo, Valéria Sant’Anna destacou que a iniciativa de tornar os diálogos sobre desenvolvimento sustentável permanentes no Instituto é fundamental. “Temos também a oportunidade do IAB, como academia, apresentar a sustentabilidade como ferramenta e como possibilidade de inclusão dos profissionais do Direito. Como instituição na vanguarda do Direito, é importante compreender a sustentabilidade como ferramenta e como possibilidade de colocação”, afirmou a advogada.
O evento também contou com palestra do diretor de Tecnologia do Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PEP/UFRJ), Márcio Francisco Campos, e com a participação dos líderes acadêmicos do grupo Justice, Welfare and Economics - G20 Rio Marcelo Vieira e Thales de Miranda e do diretor de Tecnologia e Inovação do IAB, Bernardo Gicquel. A mediação do encontro foi conduzida por Valéria Sant’Anna e pela especialista em Direito, Inovação e Tecnologia pela Fundação Getúlio Vargas Raquel dos Santos Rangel.
Em sua palestra, Márcio Francisco Campos apresentou o conceito de economia da funcionalidade e da cooperação (EFC). Esse modelo, de acordo com o professor, busca a criação de valor no território a partir do resgate de recursos imateriais e cooperação entre os atores locais. Campos explicou que a EFC consiste em uma performance de uso, onde não interessa mais vender os meios, isto é, bens ou tempo, mas sim um valor servicial. “A emergência de novos modelos econômicos alternativos, nas últimas décadas, revela por um lado a insatisfação com o atual modelo e, por outro, lado revela a vontade e buscar alternativas para uma economia mais sustentável, aquela em que o homem esteja em equilíbrio como a natureza”, comentou.
Ao ressaltar a importância de novas práticas econômicas, em que haja o incentivo à solidariedade no mundo do trabalho, Marcelo Vieira criticou a concentração de bens e recursos. “Diante da uberização do trabalho e do processo de acumulação das riquezas em um País que, na pandemia, teve 40 novos bilionários e 34 milhões de famílias indo para a extrema pobreza, é preciso que façamos uma reflexão que chegue à classe trabalhadora”, enfatizou ele.
Para Vieira, o cooperativismo se inclui em todos os objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030/ONU, sendo o modelo adequado às diversas ações comprometidas com soluções ligadas ao clima. Raquel Rangel reiterou as afirmações e sublinhou que o cooperativismo e a economia da funcionalidade e da cooperação apresentam também “várias interseções com objetivos de desenvolvimento relacionados especificamente ao projeto fome zero e à agricultura sustentável, além da ideia de trabalho decente”.
Na opinião de Thales de Miranda, o cooperativismo é um sistema econômico de resistência à globalização e à dominação dos dados tecnológicos. “Estamos em uma sociedade à beira de ter o primeiro trilionário do planeta. Vemos que estamos em um mundo muito desigual e que precisa ser repensado. Creio que o cooperativismo é uma ferramenta muito importante para isso, então ele precisa ser abordado de uma maneira mais central”, completou.