Da esq. para a dir., Luciano Bandeira, Hélio Leitão e Sydney Sanches
De acordo com Sanches, é fundamental reafirmar constantemente a importância do Estado Democrático de Direito e a dificuldade de mantê-lo. “É natural que as novas gerações se afastem da efetiva compreensão dos fatos, principalmente em um mundo, hoje, onde as questões são muito descartáveis”, disse o presidente. No aniversário de 59 anos do golpe, ele também lembrou dos ataques de 8 de janeiro: “Nós tivemos uma experiência no País com relação à incapacidade das pessoas de compreender que reafirmar os pilares democráticos de forma permanente é fundamental para que não se repita aquilo que aconteceu em 1964”.
Diante de todas as violações cometidas pelo regime militar, Hélio Leitão afirmou que os ataques a crianças e adolescentes não recebem a atenção devida. “A comprovação de 19 casos de crianças brasileiras sequestradas e indevidamente apropriadas por amigos da ditadura, a par de outras tantas violações de direitos apuradas ao longo dos trabalhos desenvolvidos pela Comissão Nacional da Verdade, talvez nos dê uma pálida ideia do que realmente possa ter acontecido. Há uma forte suspeita de que houve apropriação e adoção irregular de crianças em larga escala na Argentina”, afirmou.
Nascido da tese de doutorado de Leitão, o livro lançado no evento busca resgatar a história perdida: “O objetivo desse trabalho é manter acesa a chama da necessidade premente de que se complete o ciclo da justiça de transição no Brasil, em que se inclui a violação de direitos de crianças e adolescentes e sua reparação. Para que não nos esqueçamos e que não repitamos nunca mais”. Segundo o autor, o País viveu ao longo dos últimos quatro anos “o desmonte da Comissão da Anistia, o desmantelamento completo das políticas de Estado, de memória, verdade e justiça da ditadura".