Sobre o tema também fez palestra Valéria Tavares de Sant’Anna, membro da comissão. Os debates foram mediados pela vice-presidente da comissão, Maria Lucia Gyrão, que ao final do evento afirmou: “Tivemos duas excelentes exposições, nas quais o ilustre jurista Francisco Amaral, mais uma vez, transmitiu os seus pensamentos com clareza e de forma didática, e a advogada Valéria Tavares de Sant’Anna mostrou a importância de se conectar o Direito à vida e humanizar as decisões judiciais”.

Realidade jurídica – Francisco Amaral, que também é doutor honoris causa da Universidade de Coimbra e Católica Portuguesa, expôs o seu entendimento sobre o tema: “O realismo jurídico é uma corrente filosófica que defende a valorização do papel do juiz na sua função criadora do Direito, pois o Direito dos livros é diferente do Direito na prática”. O advogado disse ainda que, “hoje em dia, o juiz não aplica simplesmente a lei, ele constrói uma realidade jurídica para o caso, pois a norma é somente uma orientação, cabendo ao juiz e, naturalmente, também ao advogado a criação efetiva do Direito”.
Valéria Tavares de Sant’Anna analisou o realismo jurídico nos ambientes sociais cada vez mais dominados pelas tecnologias. “Houve uma disponibilização avassaladora das altas tecnologias nos últimos 20 anos, sem que houvesse uma avaliação do seu impacto na vida humana”, criticou a advogada, que acrescentou: “É necessária a construção de uma teoria de justiça que promova a solidariedade e humanize a sociedade, por meio da cooperação, da empatia e do acolhimento, posturas cada vez mais distantes do cotidiano tecnológico atual”.