“As mulheres já são quase a metade do número de advogados do Rio de Janeiro, mas recebem menos e demoram mais para crescer na profissão.” A afirmação foi feita pela advogada Maíra Fernandes, chefe de gabinete da Presidência do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e membro do Movimento da Mulher Advogada, em palestra no evento sobre Desafios da mulher na advocacia, realizado na terça-feira (13/3), na subseção da OABRJ em Rio Bonito. Na sua exposição, a presidente da Comissão da Mulher do IAB, Deborah Prates, primeira pessoa com deficiência visual a ingressar nos quadros do Instituto, criticou o processo judicial eletrônico. “Foi um profundo descaso com as advogadas com deficiência, que foram extirpadas da profissão, em 2013, com a sua implantação, que travou o funcionamento da ferramenta utilizada pelas pessoas cegas para navegar na internet”.
Organizado em parceria com o Movimento da Mulher Advogada, a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OABRJ) e a Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do RJ (Caarj), o evento foi aberto pelo presidente da subseção, César Gomes de Sá, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). Também palestraram a advogada eleitoral Samara Castro, integrante do coletivo de juventude Juntos; a ativista Suely Beatriz Ferreira, que atua na defesa da igualdade racial e dos direitos das pessoas idosas, e a professora de direito de família Giowana Cambrone.
Recorrendo à pesquisa Advocacia: profissão mulher, feita pela Caarj, em 2014, tendo como base os dados do censo realizado, em 2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Maíra Fernandes informou: “As mulheres recebem 25% menos do que os homens, são 33% entre os advogados que empregam colegas e ocupam a presidência de apenas 10 das 63 subseções da OABRJ no estado, o que representa 15,8% do total”. Segundo ela, a baixa representatividade destoa do crescimento do ingresso das mulheres na profissão. Nos últimos 10 anos, o total de advogadas no Rio de Janeiro aumentou 97,1%, enquanto o de advogados cresceu 56,7%.
A professora Giowana Cambrone falou sobre “a invisibilidade das mulheres trans no meio jurídico” e destacou algumas conquistas, como a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), permitindo o uso do nome social por elas escolhido. A ativista Suely Beatriz Ferreira defendeu a valorização das advogadas idosas e disse que elas enfrentam a dificuldade de se reciclar, permanentemente, para se manter no mercado de trabalho. Ela abordou também o racismo na sua palestra. “É um grande empecilho para advogadas negras demonstrarem sua competência e serem respeitadas no judiciário”, afirmou. A advogada Samara Castro tratou do desemprego, do descrédito e do assédio vivido pelas jovens advogadas.
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