A data representa um marco fundamental de unidade e visibilidade para as lutas das mulheres negras contra o racismo e o sexismo. A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece este dia como um espaço de articulação e fortalecimento político-transnacional, promovendo políticas públicas inclusivas e a valorização das identidades dessas mulheres. A data foi criada após o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino‑Americanas e Afro‑Caribenhas, realizado em 1992, em Santo Domingo (República Dominicana), que reuniu mais de 300 representantes de 32 países.
No Brasil, por meio da Lei 12.987/14, a efeméride passou também a celebrar Tereza de Benguela como símbolo nacional de resistência da mulher negra. Uma liderança quilombola do século XVIII, ela foi uma mulher escravizada que liderou o Quilombo do Quariterê, na região de fronteira entre Mato Grosso e Bolívia. Sob seu comando, a comunidade cresceu e resistiu por cerca de vinte anos à repressão colonial.
Segundo o Ministério da Igualdade Racial, mulheres negras representam 28,3% da população brasileira, mas enfrentam desigualdades persistentes. Apenas 14,7% completaram o ensino superior; 48% atuam informalmente, especialmente em serviços domésticos; e foram vítimas em 61,1% dos feminicídios em 2022. O IBGE aponta que mulheres negras recebem, em média, 57% menos que homens brancos, 42% menos que mulheres brancas e 14% menos que homens negros. Esses dados mostram que a luta pela equidade de gênero e raça é uma bandeira fundamental da democracia.