Segundo Luis Rosenfield, que também é doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), os expoentes do movimento na Escola do Recife, como Silvio Romero, Tobias Barreto e Clóvis Beviláqua, “estavam guerreando contra uma geração que é vista por eles como ultraconservadora, católica e envelhecida”. O webinar foi aberto pela 2ª vice-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Adriana Brasil Guimarães.
A Escola do Recife foi um movimento sociocultural que nasceu na Faculdade de Direito do Recife, na década de 1870, tendo como líder o sergipano Tobias Barreto. Os intelectuais que participavam do movimento estavam empenhados em introduzir a razão científica nos estudos jurídicos e Evolucionismo darwinista na produção do pensamento social. O evento sobre a Escola do Recife foi organizado pela Comissão de Filosofia do Direito do IAB, presidida pela professora Maria Lucia Gyrão.
Adriana Brasil Guimarães lembrou que o webinar desta segunda-feira era a continuidade de um ciclo de debates sobre o pensamento filosófico-jurídico do Brasil, que já abordou em outros eventos o Ecletismo e o Positivismo. “O Evolucionismo foi um movimento social, cultural e humanista que teve lugar na Escola do Recife, onde se procurava consolidar a reflexão crítica, através do desenvolvimento filosófico do pensamento”, afirmou ela.
Luis Rosenfield, que é membro da Comissão de Filosofia do Direito do IAB, iniciou sua fala dizendo que traria notas sobre a Escola do Recife, o Evolucionismo e suas implicações na Filosofia e no Direito, procurando ir “um pouco além de Silvio Romero e Tobias Barreto e trabalhar de uma forma mais ampla sobre a circulação de ideias num debate propriamente nacional”. Segundo ele, “o Positivismo teve seu gás como uma filosofia efetivamente revolucionária, mola propulsora da República”. Mas, se esgotou e deixou de ser visto como uma teoria capaz de mudar a realidade social: “O Evolucionismo surgiu como uma ideia mais adequada ao Brasil do século XX”, acrescentou.
Doutor honoris causa da Universidade de Coimbra e Católica Portuguesa e 1º vice-presidente da Comissão de Filosofia do Direito, o professor Francisco Amaral comentou que “a Escola do Recife surgiu daquilo que nós recebemos após a proclamação da Independência, que é a herança portuguesa. Surgiram no Brasil várias ideias novas que encontraram na Escola do Recife um polo catalizador”. Por fim, concluiu: “Creio que a Escola do Recife se caracteriza por ser um ponto de partida para o pensamento filosófico brasileiro, com todas as suas tradições, mas principalmente com o seu potencial crítico”.
Fechando o debate, Maria Lucia Gyrão, que é pós-doutora pela PUC-Rio, ressaltou que, no ciclo de palestras da comissão que preside, “há um encadeamento perfeito dos temas, elaborado pelo professor Francisco Amaral”.