Ao abrir o evento, o presidente nacional do IAB, Sydney Sanches, definiu o livro como “uma grande viagem”. Ele explicou que Sobre feminismos “é uma grande conversa sobre questões da vida e das mulheres, e traz reflexões pessoais e humanas”. O presidente do IAB também lembrou que o lançamento faz parte do projeto Saindo do Prelo, idealizado pela diretora de Biblioteca do IAB, Marcia Dinis. “É um dos projetos mais exitosos do Instituto nos últimos dois anos”, afirmou.
Marcia Dinis fez a apresentação das autoras, ressaltando sua admiração por Andréa Pachá, sua colega na Faculdade de Direito, “por sua coragem e pelos seus posicionamentos em todas as situações importantes do País”. Com relação a Vilma Piedade, ela disse: “É um exemplo da luta mais importante que temos hoje no País, que é a luta antirracista. Vilma é absolutamente engajada e estudiosa não somente do racismo, mas dos movimentos libertários, como é o movimento feminista”. Sobre o livro, Marcia Dinis pontuou: “O que é bacana no livro é o carinho, a informalidade, num texto muito gostoso de ler”.
Dororidade – Escritora e professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Vilma Piedade focou sua fala na questão das mulheres negras, que sofrem dupla discriminação, por serem mulheres e por serem negras. Criadora do conceito de “dororidade” – a dor provocada pelo machismo, que irmana as mulheres –, ela explicou: “Esse livro foi feito no auge da pandemia. Escrevemos o texto via Zoom. Falávamos sobre muitas coisas. Quando escrevemos ‘feminismos’, no plural, é porque não há mais um feminismo hegemônico, existem várias correntes, uma delas o feminismo negro”.
Andréa Pachá, que é desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), disse que sempre se considerou “antirracista na perspectiva da racionalidade”. No entanto, a partir das conversas com Vilma Piedade, ela conseguiu “traduzir a compreensão dos males que o racismo provoca para a humanidade”. Enquanto conversavam, Andréa Pachá enxergou que, enquanto não acordasse todos os dias profundamente incomodada com seu lugar de privilégio, não conseguiria desenvolver nenhum processo de combate ao racismo. “E não há um dia em que eu acorde e não me sinta mal com isso, porque faz mal o que a escravização provocou neste País”, afirmou.
A atual situação do Brasil também foi abordada por ela: ”O momento que nós vivemos é extremamente grave. Nós, que somos seres da racionalidade, da justiça, do direito e da igualdade, precisamos nos posicionar, porque o retrocesso está sempre à espreita”. Para Andréa Pachá, escrever Sobre feminismos com Vilma Piedade foi como voltar a ter direito à esperança: “Os dois anos de pandemia foram muito duros. Encontrar a Vilma por algumas horas e conversar sobre os nossos desejos, sobre como a gente enxerga os feminismos, o envelhecimento e o futuro foi um resgate da esperança”.