Foram discutidos dois temas: A Constituição e sua revogação gradativa em seus 30 anos de vida. As normas infraconstitucionais que alteraram princípios fundamentais do direito de defesa e A quimera da paridade de armas. Também participaram da mesa de debates o orador oficial do IAB e ex-presidente do Conselho Federal da OAB, José Roberto Batochio; a advogada criminalista Letícia Lins e Silva, membro da Comissão de Direito Penal do IAB, e o juiz do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Rubens Casara, membro honorário do Instituto.
Na sua intervenção, Nélio Machado criticou o instituto da delação premiada. Segundo ele, "a delação premiada é a deserção do direito de defesa, por desprezar o devido processo legal, que inclui, por exemplo, o princípio do juiz natural e imparcial, o que não vem sendo respeitado ultimamente”. O criminalista comentou, também, a atuação de advogados que aceitam a delação premiada nos processos criminais: "Temos, hoje, advogados marcados pelo colaboracionismo e o descompromisso com a legalidade”.
Autoritarismo togado – José Roberto Batochio, que na véspera criticara o STF na sua palestra Delimitação e admissibilidade no direito premial, voltou a apontar falhas no comportamento da Corte Suprema. "A complacência do Supremo em relação à flexibilização das cláusulas pétreas está deformando a Constituição Federal”, afirmou. De acordo com Batochio, "a Carta Magna, além das vilanias interpretativas, vem sofrendo com as ações de um Ministério Público draconiano e juízes punitivos”.
José Roberto Batochio
Batochio disse ainda que a Constituição não é mais referência para os atos dos poderes Legislativo, Executivo e, "o que é mais doloroso”, o Judiciário. O criminalista conclamou os advogados a reagirem às ameaças à democracia e à legalidade: "Temos que resistir ao autoritarismo togado. Essa é a missão do IAB e da advocacia”.
Apresentado por Técio Lins e Silva como "um pensador do nosso tempo”, Rubens Casara iniciou a sua participação afirmando que "o estado democrático de direito se caracteriza pelos limites impostos ao poder”. Segundo o juiz, ”esses limites são os direitos e garantias fundamentais, que estão sendo ignorados”. O magistrado destacou o papel da advocacia para a contenção das restrições às garantias individuais. ”Neste cenário de abandono do paradigma do estado democrático de direito, o advogado se torna um indesejado e as suas prerrogativas são consideradas obstáculos ao punitivismo”, afirmou.
Letícia Lins e Silva propôs que o debate seja levado a outros espaços. "Temos que defender essas ideias em fóruns onde elas não são aceitas, para podermos reforçá-las e propagá-las”, sugeriu a advogada. Segundo ela, "o devido processo legal se transformou em letra morta".
Letícia Lins e Silva e Rubens Casara
OS MEMBROS DO IAB ATUAM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. FILIE-SE!