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Representante da ONU diz ter ficado estarrecido com ‘a grave situação da infância brasileira’

Em sua quarta visita ao Brasil como presidente do Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), o advogado uruguaio Luis Pedernera, em palestra no seminário sobre A responsabilidade do adolescente autor de ato infracional, na sede do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), no Rio, na última sexta-feira (23/8), afirmou: “Volto triste para o meu país, ao constatar a grave situação da infância brasileira”. O advogado percorreu vários estados e disse ter ficado estarrecido com o elevado número de meninos de rua e as condições de centros de detenção de menores. “É preciso garantir educação de qualidade para evitar o ingresso no crime e, somente em caráter excepcional, punir os infratores com a privação da liberdade”, disse. Segundo ele, somente 1% dos crimes é cometido por menores.

Na abertura do evento, a presidente nacional do IAB, Rita Cortez, informou ao representante da ONU a criação da Comissão Especial para Apresentação de Propostas para o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) do IAB. “Este é mais um assunto de relevância nacional sobre o qual os juristas do IAB estão debruçados, para discutir e propor medidas de aperfeiçoamento da legislação, com vistas a garantir a dignidade da pessoa humana”, afirmou a advogada. O seminário organizado pelo IAB contou com a parceria da Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim) e do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).

Em sua palestra, Luis Pedernera destacou o “papel histórico do IAB na defesa do estado democrático brasileiro” e criticou o movimento que visa a reduzir a idade de ingresso na maioridade penal. Segundo ele, “há países da África e da Ásia em que infratores de apenas sete anos de idade são condenados a cumprir as mesmas penas destinadas a criminosos adultos”. Ele falou também da importância da Convenção dos Direitos da Criança da ONU, que está completando 30 anos. “Desde então, vários países começaram a reformular as suas legislações, que passaram a estabelecer a criação de tribunais especializados e centros de detenção apropriados para os menores infratores”, enfatizou.

Ao citar que somente 1% dos crimes é cometido por menores, o presidente do Comitê dos Direitos da Criança da ONU disse: “Ao contrário do que afirmam muitos políticos que defendem penas mais duras para os infratores, o aumento da criminalidade não se deve à participação de menores”. No seminário, a diretora do IAB Kátia Tavares também criticou as propostas de diminuição da maioridade penal e endurecimento das penas. “O que temos que fazer é aprimorar o ECA, que, aliás, é uma legislação moderna, fortemente influenciada pela Convenção dos Direitos da Criança da ONU, e garantir o princípio da dignidade humana no tratamento aos menores infratores”.

Para o presidente da Comissão Especial para Apresentação de Propostas para o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) do IAB, Roberto Alves dos Reis, “o ECA é uma excelente legislação, mas tem faltado eficácia na sua aplicação”. Ainda de acordo com o advogado, “o afastamento dos jovens da criminalidade implica a existência de escolas e hospitais públicos de qualidade, sendo fundamental também impedir a redução da maioridade penal, pois o encarceramento em massa de menores infratores servirá somente para agravar a situação, sem perspectiva de recuperá-los”.

Em sua participação no seminário, o presidente da Anacrim, James Walker Junior, criticou “a grave situação atual do País”. Segundo ele, “no Brasil contemporâneo, desde a redemocratização, não vivenciávamos momentos de profunda instabilidade como hoje”. De acordo com o advogado, “os que atualmente ocupam o poder, chegaram lá vencendo as eleições com um discurso de ódio, intolerância e desrespeito às diferenças”.

A coordenadora nacional do MNDH, Monica Alkmim, afirmou: “A Organização Internacional do Trabalho considera o envolvimento de crianças e adolescentes com o tráfico de drogas a forma mais extrema e cruel de exploração do trabalho infantil”. Monica Alkmim disse ainda: “E o Estado brasileiro, ao invés de acolhê-los, os captura e os priva da liberdade em centros de detenção igualmente precários como as unidades prisionais para adultos”.

FONTE: Diário de Petrópolis - 27/08/2019
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