As presidentes da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade da OAB, Silvia Cerqueira, e da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), também estavam entre as palestrantes. A advogada comentou a trajetória das mulheres negras: “No dia seguinte ao da abolição da escravatura, elas foram largadas à própria sorte e obrigadas a colocar os seus tabuleiros sobre as cabeças para garantir o sustento das suas famílias”. Para Silvia Cerqueira, “mesmo assim, elas evoluíram significativamente com as luzes trazidas pelo feminismo negro, que veio a resultar no ganho histórico de cotas raciais de 30% nas chapas formadas para a última eleição em todos os órgãos do Sistema OAB”.

Espaços de poder – A deputada Enfermeira Rejane criticou a baixa representatividade feminina e negra nos poderes constituídos: “Precisamos ter mais mulheres negras nos espaços de poder”. A parlamentar comentou as dificuldades históricas por elas enfrentadas: “Continuam faltando creches públicas para que as mães negras e pobres possam sair para trabalhar e sustentar os seus filhos, na maioria das vezes, por meio de atividades subalternas e salários aviltantes, situação que se tornou ainda mais grave com a reforma trabalhista, que eliminou diversos direitos”.
Também fizeram palestras a delegada de polícia Giselle do Espírito Santo e a psicóloga Shirley Menezes. “Por muito tempo, o racismo foi negado no Brasil, o que dificultou o seu combate”, afirmou a titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá, na zona Oeste do Rio de Janeiro. Segundo ela, a violência de gênero aumentou durante a pandemia: “As estatísticas de 2020 demonstram o crescimento das diversas formas de violência, sendo a mulher negra a principal vítima”. Conforme os números fornecidos pela delegada Giselle do Espírito Santo, 55.9% das mulheres que sofreram violência sexual eram negras, 39,4% eram brancas e 4,7% não tiveram as suas raças identificadas.

Shirley Menezes também apresentou números em sua palestra: “Hoje no Brasil, há 17,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, sendo que 10,5 milhões são mulheres”. A psicóloga falou sobre os preconceitos que enfrenta por ser mulher, negra e pessoa com deficiência física: “A minha deficiência chama a atenção mais rapidamente ao olhar preconceituoso do que a minha condição de mulher negra, que se soma depois ao que sofro primeiramente por ser uma pessoa com deficiência”.