A reunião foi conduzida pela vice-presidente da Comissão, Margarida Pressburguer, e teve a participação dos professores Patricia Sanches e Marcos Palermo. O palestrante, que é professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Lisboa, falou sobre As democracias e as esquerdas na América Latina. Ele fez uma comparação entre a Europa e a América do Sul, lembrando que “a América do Sul tem mais de 20 países, cerca de 400 milhões de pessoas que falam apenas duas línguas, português e espanhol, duas línguas que têm uma proximidade muito grande. No entanto, não há uma efetiva cooperação econômica, política, social e cultural entre os países”.
Ao contrário, disse Filipe Luís Romão, “na Europa, onde há 23 línguas oficiais diferentes foi possível desenvolver essa cooperação. E foi ela que permitiu à Europa um certo consenso político no desenvolvimento de um projeto europeu, que não é de direita nem de esquerda, mas sim de um consenso entre a direita democrática e a esquerda democrática”. Para o professor, “a integração depende muito mais de momentos conjunturais da afinidade ideológica dos governos do que de políticas transversais”.
Filipe Luís Romão também disse que “não há uma coordenação estrutural entre os partidos de esquerda na América Latina”. Ele citou cinco hipóteses que podem justificar essa realidade: “a juventude democrática dos sistemas políticos latino-americanos, devido aos sucessivos governos ditatoriais; a falta de estímulos externos a essa integração, como houve na Europa no pós-guerra; o regimes presidencialistas diminuiriam a possibilidade de desenvolvimento dos partidos políticos; os regimes presidencialistas têm característica muito mais personalizada no exercício do poder; por último, a perpetuação do modelo econômico”.