Segundo ele, o cidadão da Costa Rica tem espaço para ser feliz. “O mesmo fenômeno eu encontrei no Uruguai, um país pequeno que tem muito a nos ensinar no campo da cidadania”, acrescentou. O presidente nacional do IAB, Sydney Sanches, fez a abertura do evento e falou da importância dos bens imateriais na integração dos povos: “Quando se trata do Brasil, isso ecoa de uma forma mais intensa, diante da diversidade cultural do nosso País e da forma como ele dialoga com os demais países da América Latina”. Também participaram do debate a presidente e o vice-presidente da Comissão de Direito da Integração do IAB, respectivamente, Elian Araújo e Sérgio Sant’Anna.

José Jeronimo Moscardo de Souza 

José Jeronimo Moscardo de Souza serviu como diplomata nos Estados Unidos, na Rússia, na ONU, na OEA, na Unesco e em vários países da Europa, além da Costa Rica e do Uruguai. Ele também foi ministro da Cultura no governo do ex-presidente Itamar Franco e presidiu a Fundação Alexandre de Gusmão do Ministério das Relações Exteriores (Funag). Ao contrário da Costa Rica, disse ele, “o Brasil é um país grande, mas ainda não é um grande país, porque é necessária uma revolução para melhorar o nível do brasileiro, sob o aspecto educacional e ético, e é preciso atenção para essa construção da cidadania brasileira”.

Potência cultural – Segundo o palestrante, os países latino-americanos são potências culturais: “Essa parte da cultura é realmente a mais forte. Quando estudamos a América Latina do ponto de vista antropológico, ficamos apaixonados. O Brasil tem que se convencer da sua condição de potência cultural. Potência econômica qualquer um pode ser”. Com relação aos governantes, ele disse: “Estamos numa entressafra de homens públicos, só vemos anões. No passado, tivemos lideranças, homens extraordinários neste País, e hoje temos uma elite infantil e vemos extrema mediocridade nas nossas classes dirigentes”.

Sobre sua passagem pelo Ministério da Cultura, ele contou que pediu demissão do cargo depois de uma reunião do presidente Itamar Franco com os governadores, em que o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso afirmou que só tinha recursos para a Amazônia como contrapartida para projetos internacionais. “A afirmação causou um impacto muito grande em mim. Dei um murro na mesa e disse que aquilo era um absurdo, um processo de abandono da maior parte do Brasil. O abandono da Amazônia não é de agora. Vem de muito tempo”, afirmou.

Segundo a presidente da Comissão de Direito da Integração, Elian Araújo, a recusa do diplomata a permanecer no Ministério da Cultura “foi um ato de bravura, de intrepidez, de lealdade”. Para ela, a trajetória de José Jeronimo Moscardo de Souza foi de “muita dedicação, sem nunca titubear diante das adversidades”. Na opinião de Sérgio Sant’Anna, “José Jeronimo Moscardo de Souza abriu espaço na Funag não apenas para debater a cultura, mas também a política, a economia, com participantes de outros países, colocando o Brasil em uma posição de liderança”. Como participante desses debates, Sant’Anna afirmou: “Era um momento realmente magistral, de troca de ideias, de intercâmbio”.