“O cooperativismo, sob a perspectiva de uma ideia de uma justiça intergeracional, é uma ferramenta de promoção da solidariedade dentro de uma visão de longo prazo, considerando as necessidades de agora e do futuro. Podemos exercer nossos direitos fundamentais de natureza econômica, mas devemos observar alguns parâmetros civilizatórios que garantam que as futuras gerações tenham os mesmos privilégios”, defendeu o advogado, que destacou a importância do cooperativismo na garantia de um sustentáculo jurídico que alcance esse objetivo.
Da esq. para a dir., Valéria Sant’Anna e Adriana Amaral dos Santos
A vice-presidente da Comissão para o Pacto Global e Estudos sobre a Agenda 2030/ONU, Adriana Amaral dos Santos, destacou experiências concretas que demonstram a força transformadora do cooperativismo no campo socioambiental. Um dos exemplos citados foi o da Coamo Agroindustrial Cooperativa, criada em 1970 por 79 agricultores que enfrentavam solos ácidos e improdutivos no Sul do Brasil. Segundo ela, com o apoio técnico de um engenheiro agrônomo e boas práticas, a cooperativa “se converteu em uma das maiores potências empresariais do País”, reunindo mais de 32 mil cooperados. “Muitas cooperativas estão fazendo trabalho de formiguinha para mudar o mundo em uma perspectiva de desenvolvimento sustentável”, sublinhou.
A abertura foi realizada pela 2ª vice-presidente do IAB, Ana Amélia Menna Barreto, que elogiou a iniciativa da Comissão de Direito Cooperativo na promoção do encontro. “Esse evento aborda três temas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Trabalho Decente e Crescimento Econômico; Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; e Paz, Justiça e Instituições Eficazes. Tenho certeza de que somaremos mais conhecimento”, disse a advogada.
A mestre em Sustentabilidade pela PUC-Rio Valéria Tavares de Sant’Anna, que é consultora da Comissão para o Pacto Global e Estudos sobre a Agenda 2030/ONU, destacou a necessidade de discutir as sugestões apreciadas por países periféricos a partir do Pacto para o Futuro, acordo adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) no ano passado. “Temos em pauta três documentos de grande importância para o futuro. Além desse, temos o primeiro pacto planetário sobre o digital e a Declaração sobre as Responsabilidades das Gerações Presentes em Relação às Gerações Futuras”, afirmou.
Para falar de futuro, na visão da Global Compact Guardian do grupo Global Compact Guardian, Margarida Pressburger, é preciso lembrar do passado. Decana do encontro, ela nasceu durante a 2ª Guerra Mundial, cursou Direito na Ditadura Militar e atravessou a pandemia de Covid-19. “Em momentos dramáticos pensamos que a solidariedade vai brotar e permanecer, mas o que vemos hoje é o ódio predominando na política e entre os países. Acredito que falar de futuro é o que temos de mais importante porque o nosso presente não é nada agradável. Precisamos plantar porque não temos o que colher agora”, completou.