O palestrante disse que, em Portugal, a carreira não é atrativa. “Quando falo de professores, falo desde professores do ensino primário até professores do ensino superior. A Legislação, não negocialmente, impõe determinado salário que vai afastando as pessoas”, explicou. Segundo Borges, o país europeu já evidenciou que um dos fatores muito importantes para a educação é a experiência e que o profissional da educação precisa de estabilidade e remuneração adequada. “Por um lado, nós temos o Estado que dá estabilidade, mas não dá salário adequado. Os outros setores podem dar salários adequados, mas não dão estabilidade. As cooperativas dão ambas”, defendeu.
Na abertura do evento, a 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amélia Barreto, parabenizou o presidente da Comissão de Direito Cooperativo do Instituto, Paulo Renato Fernandes da Silva, pela organização do webinar: “Nós, da Diretoria, e todos os associados e membros somos muito gratos pelos trabalhos desenvolvidos, que brindam a sociedade com tão importantes colaborações para o estudo do Direito”, afirmou. O evento também teve a participação do presidente da Câmara Portuguesa de Indústria e Comércio do Rio de Janeiro, Antonio Fiúza.
A importância das cooperativas no setor educacional foi endossada por Paulo Renato Fernandes da Silva, que também estendeu as considerações para o contexto brasileiro: “Isso nós assistimos também aqui no Brasil, esse paradoxo da necessidade de desenvolvimento das cooperativas e, ao mesmo tempo, a necessidade de garantir a dignidade do trabalho para aqueles que querem desenvolver a docência”. De acordo com o advogado, as cooperativas são espaços pertinentes e adequados para a união de dois objetivos: o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento pessoal e profissional das pessoas. “Hoje, nós discutimos muito a figura do trabalhador-empreendedor. Ou seja, aquela clivagem básica existente outrora do trabalhador de um lado e a empresa de outro, com o sistema cooperativo está superada. Explodimos aquela clivagem básica permitindo que as pessoas possam assumir o protagonismo das suas atividades tanto profissionais, quanto econômicas, no mesmo segmento”, disse o advogado.
Antonio Fiúza destacou não só a importância das cooperativas para o setor produtivo, mas também a capacidade delas em chegar a regiões e áreas normalmente não atendidas pelo Estado. “Na área da Educação e da Legislação, podemos dizer que devemos criar condições para que as cooperativas possam prosperar e cumprir um papel que hoje o Estado não consegue”. O palestrante ainda sublinhou a necessidade de apoio mútuo entre os países lusófonos para o fortalecimento das redes cooperativas: “Devemos reunir forças para podermos criar mais-valia e riqueza para as nossas populações, senão continuaremos a viver as dificuldades que temos vivido. Através das cooperativas, nós temos a certeza de ter ensino de qualidade e estabilidade para os seus colaboradores, sejam docentes ou não-docentes, e temos garantias de sucesso”.