Marcado pela emoção, o evento foi conduzido pelo presidente do Conselho Deliberativo da ABI, Marcos Gomes, e aberto pelos músicos Joe Vasconcelos e Marcelo Costa, que cantaram uma música dos mapuches, povos originários do Chile. Em sua saudação inicial, o presidente da ABI, Octávio Costa, disse que o ato em homenagem a Allende reafirma a tradição histórica da ABI de sediar grandes eventos em defesa do Estado Democrático de Direito: “Lembrar Allende é lembrar a sua bravura, a sua coragem e seus princípios em defesa da democracia, mas é também agradecer ao povo chileno por ter acolhido tantos brasileiros exilados, perseguidos pela nossa ditadura, que viram no Chile de Allende uma esperança”, afirmou.
O evento teve também a participação do jornalista chileno Miguel Davagnino; de Alfredo Saint Jean Domic, da Fundacción Salvador Allende; dos deputados federais Jandira Feghalli, Chico Alencar e Reimont; dos deputados estaduais Carlos Minc e Marina do MST; do saxofonista Leo Gandelman; da atriz Bete Mendes e da diretora de Cultura da ABI, Iara Cruz, que leram uma carta de Pablo Neruda a Allende; de Isabella Thiago de Mello, filha do poeta Thiago de Mello, que viveu no Chile na época de Allende; de Luiz Rodolfo Viveiros de Castro e Flávia Cavalcanti, do Viva Chile, e foi encerrado por Javiera Parra, neta da cantora Violeta Parra, que cantou o principal sucesso de sua avó, a canção Gracias a La Vida. Durante o evento, foi exibida uma mensagem do embaixador do Chile no Brasil, Sebastián Depolo.
Octávio Costa
O presidente da ABI ressaltou que hoje existem documentos que comprovam a interferência do governo americano na política do Chile na época, inclusive financiando o movimento de conspiração contra Allende. De acordo com Costa, partiu do então presidente americano Richard Nixon a ordem para derrubar Allende, porque não aceitava um governo popular e, pessoalmente, a resistência de Allende. Com o Palacio La Moneda sendo bombardeado, o presidente Salvador Allende pediu um salvo conduto aos militares para que os assessores mais próximos e sua filha pudessem deixar o local.
Quando os militares lhe ofereceram um avião para que saísse do país na companhia da família, Allende recusou, dizendo que só sairia morto do palácio. “Infelizmente, ele cumpre sua palavra. Depois que todos os assessores se retiram, no dia 11 de setembro, ele vai para o gabinete e grita: ‘Allende não se rende’, repetindo o que havia falado no rádio para o povo chileno. Quando o médico ouve o grito e chega ao local, o encontra caído em uma poltrona, morrendo. Tinha se suicidado”, lembrou Costa. Para o jornalista, foi um ato heróico de um homem que tinha uma causa, que era o bem-estar da população chilena. “É um exemplo para todos nós, não só para a América do Sul, mas para quem acredita na democracia, para quem acredita que é possível, sim, governar buscando a justiça social”, afirmou.
(Com informações da ABI e da Agência Brasil.)