Armando de Souza lembrou que o IAB é a entidade jurídica mais antiga das Américas: “No próximo ano, estaremos fazendo 180 anos de existência, em defesa da democracia e da liberdade de imprensa”. Ele ressaltou a contradição entre a atitude da Justiça norte-americana e a Emenda nº 1 da Constituição dos EUA, que, em 1798, já protegia a liberdade de imprensa. “Infelizmente temos visto isso também aqui no Brasil, em que jornalistas têm sido ameaçados e censurados”, afirmou Armando de Souza, expressando a solidariedade do IAB com a imprensa.
Em visita ao Brasil para uma série de encontros com autoridades políticas, lideranças de direitos humanos e entidades do jornalismo, o editor-chefe e porta-voz do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, disse, durante o ato na ABI, que a extradição do jornalista Julian Assange para os Estados Unidos, que pode ocorrer nas próximas semanas, representa um precedente perigoso para a democracia, a liberdade de imprensa e os direitos humanos.
“Vocês, aqui no Brasil, têm a memória viva dos horrores da ditadura, já viram a censura, a supressão da liberdade de imprensa e as consequências disso. A extradição de Assange coloca muitas coisas em risco. A nossa luta é uma luta por todos nós, porque essa extradição abre um precedente que coloca em risco a democracia”, disse ele. Hrafnsson estava acompanhado do editor e embaixador do WikiLeaks, Joseph Farrell.
O presidente da ABI, Octávio Costa, reforçou que nenhum jornalista que apure e divulgue fatos e afete um determinado governo pode ser perseguido. Ele anunciou que o Prêmio ABI de Direitos Humanos de 2023 será concedido a Julian Assange. “Essa luta pela liberdade de imprensa está no DNA da ABI, que sempre participou da luta por direitos humanos e liberdade de expressão”, disse Costa.
Assange foi responsável por publicar, entre 2010 e 2011, documentos que revelam crimes de guerra e campos de tortura no Iraque, Afeganistão e na base de Guantánamo, território norte-americano em Cuba.