"A luta feminina envolve liderança e empoderamento, que são ações que ajudam a nos libertar da dominação política”, afirmou Rita Cortez. Segundo a advogada trabalhista, “liderar é saber influenciar, motivar e comandar, enquanto o empoderamento propicia a conscientização coletiva sobre os direitos sociais e políticos das mulheres”. Também participaram da conversa a secretária-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Sayury Otoni; e a secretária-geral adjunta da OAB, Milena Gama.
Para Sayury Otoni, a proteção à igualdade de gênero tem que começar na educação infantil. “A igualdade de gênero precisa estar presente na educação das crianças, para que todas, tanto do sexo masculino quanto do feminino, possam ser o que quiserem; no caso das mulheres, cientistas, advogadas, engenheiras ou donas de casa”. Sayury Otoni acrescentou: “A gente cria os filhos, meninos e meninas, para serem diferentes, e depois temos que lutar por igualdade”.
Falsa representatividade – Sayuri Otoni defendeu as políticas de cotas de gênero, mas ressaltou a importância de que no futuro elas não sejam mais necessárias: “A gente precisa capacitar as mulheres para que elas ocupem os postos no mercado de trabalho e nos espaços políticos com competência, pois, embora as cotas sejam importantes, precisamos estar preparadas para não precisar delas, que não serão permanentes”. Sayuri Otoni alertou ainda para o que chamou de “falsa representatividade”, que se configura, por exemplo, quando uma mulher preside uma instituição cujo conselho é ocupado somente por homens.
Milena Gama enfatizou que as conquistas individuais decorrem de ações coletivas: “Hoje, ocupo a Diretoria da Ordem graças à luta das mulheres advogadas para integrá-la”. Para a secretária-geral adjunta da OAB, “é preciso estimular que mais mulheres entrem na política e nos espaços de poder, como também é necessário promover a conscientização de que essa é uma causa de todas as mulheres”.
De acordo com a advogada, a presença de mulheres em cargos políticos de expressão tende a ser uma garantia de direitos. “Na Alemanha, na Nova Zelândia e na Dinamarca, países governados por mulheres durante a pandemia, o gênero feminino recebeu muito mais atenção e proteção do que nos demais países atingidos pela Covid-19”, disse. Milena Gama criticou o restrito espaço político ocupado pelas mulheres brasileiras: “Entre os 193 países do mundo, o Brasil ocupa a 140ª posição no ranking da presença das mulheres na política, embora o País tenha sido pioneiro na previsão legal do direito das mulheres ao voto e a serem votadas”.