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Quinta, 16 Dezembro 2021 23:54

‘A mulher com deficiência é duplamente vulnerável à violência doméstica’ 

A intérprete para Libras Diana Cristina Dantas e a professora Fernanda Shcolnik A intérprete para Libras Diana Cristina Dantas e a professora Fernanda Shcolnik
O webinar sobre As lutas e o protagonismo das mulheres com deficiência e suas articulações com o Estado brasileiro, realizado nesta quinta-feira (16/12) no canal TVIAB no YouTube, mostrou a extensão dos casos de violência e as dificuldades por elas enfrentadas para denunciá-los. “A mulher com deficiência é duplamente vulnerável à violência doméstica, porque fica exposta tanto por conta do gênero quanto em razão da sua deficiência”, afirmou na sua palestra a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Fernanda Shcolnik, que tem menos de 30% da visão. Organizado pela Comissão da Mulher do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), presidida por Deborah Prates, o webinar foi aberto e encerrado pela diretora Cultural, Leila Pose Sanches, e contou com a participação de intérpretes para Libras.
Ao final, Deborah Prates reforçou o discurso das palestrantes em defesa da atuação coletiva: “Precisamos nos unir, realmente, para termos as nossas vozes ouvidas pela sociedade e conscientizá-la dos preconceitos que sofrem as pessoas com deficiência, mostrando a necessidade de se combater o capacitismo”. Leila Pose Sanches elogiou a qualidade das palestras e o trabalho desenvolvido pela comissão: “Tivemos mais um grande evento em que a Comissão da Mulher trouxe excelentes palestrantes, que promoveram a reflexão sobre questões relevantes que devem ser reconhecidas pela sociedade brasileira”. 

O primeiro depoimento foi dado pela artista Luísa Hage Vieira. Com apenas 11 anos, a menina, que sofre de artrogripose múltipla congênita e tem superado os obstáculos físicos impostos pela doença, pinta com a boca, canta, dança e toca teclado com os pés. Após tocar Superfantástico, música de abertura do programa infantil Balão Mágico, exibido na TV na década de 1980, e cantar uma canção em inglês, Luísa disse: “Adoro pintar, digito no celular com o cotovelo e nunca tive problemas de acessibilidade e inclusão na minha escola”. Ela participou do bate-papo no colo de sua mãe, Ivanete, que ressaltou o fato de que “a família é fundamental para a criança com deficiência se desenvolver e buscar realizar os seus sonhos”. Sobre os seus, Luísa disse: “Um deles é fazer Faculdade de Arquitetura”. 

 

Reaprender a viver – No Brasil, há 17 milhões de pessoas com deficiência, sendo que 10,5 milhões são mulheres, dentre as quais a psicanalista e escritora Jane Portugal, de 48 anos, que aos 27 teve que amputar o braço esquerdo, em razão de um câncer. “Não posso bater palmas, mas não perdi a capacidade de vibrar, porque, embora não tenha um dos braços, continuo sendo uma pessoa inteira por dentro”, disse. De acordo com Jane Portugal, “é preciso reaprender a viver, a lidar com um novo corpo e a lutar para manter o amor próprio”. 

A jornalista Leandra Migotto Certeza, colunista na Revista AzMina/Portal sem Barreiras, que sofre de uma doença conhecida como “ossos de vidro”, mede 96 centímetros e se locomove em uma cadeira de rodas. Ela afirmou que os casos de violência contra mulheres com deficiência “são subnotificados”. Segundo a jornalista, “as mulheres com deficiência sofrem com a violência cometida pelos companheiros, companheiras e cuidadores, e, por conta das suas condições, enfrentam enormes dificuldades, às vezes instransponíveis, para realizar denúncias e registrá-las em delegacias”. 

Mulher trans e com deficiência visual, Walleria Suri defendeu a luta coletiva contra o capacitismo. Para a ativista pelos direitos humanos e consultora em diversidade, “é de grande importância esse movimento protagonizado por mulheres com deficiência por todo o Brasil, pois fortalece a luta, já que o Estado brasileiro tem muitas dificuldades para atender a esse enorme conjunto de demandas, que inclui a violência contra as mulheres com deficiência”.  

Assistente administrativa e integrante do Movimento de Pessoas com Nanismo e Familiares do RS, Iara Lima não pôde participar do webinar, mas enviou uma mensagem que foi lida em substituição à palestra que faria: “Sou Iara Lima, mulher negra com nanismo. Sou filha caçula de uma família de seis filhos. Todos os meus irmãos têm altura padrão. Vim de uma família de baixa renda. Perdi a minha mãe com nove anos. Cresci na vila, ou na comunidade, depende de como falam no seu estado. Eu sempre fui tratada pela sociedade como palhaça. Algo que você olha, debocha e dá risada. Isso ainda acontece todos os dias”.  

Na mensagem, Iara também disse: “Não consigo distinguir se sofri mais preconceito por ser negra ou pelo nanismo. Tudo anda junto. Aprendi a correr atrás do meu valor quando engravidei. Na época, chorei muito, pois o meu filho tinha herdado o que, para mim, era uma maldição: o nanismo. Mas acho que isso nos uniu muito, pois ele pode lutar comigo todos os dias contra o preconceito”. 

Atuaram como intérpretes para Libras Diana Cristina Dantas e Gracielle de Menezes. 


 
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