O presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Henrique Maués, afirmou nesta última quarta-feira (10) que não poderia esperar outra atitude do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, que requereu à Procuradoria Geral da República a tomada de medidas judiciais visando o imediato afastamento do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, ou sua prisão preventiva.
Diante das denúncias de que o governador teria tentado "comprar" uma das testemunhas do inquérito que apura o pagamento de propinas pelo governador a membros de sua base aliada, Maués afirma ser absolutamente necessário de que o Ministério Público adote medidas urgentes e severas para que o inquérito não seja afetado pelo influência ou comportamento do governador.
A seguir a íntegra da entrevista concedida pelo presidente do IAB, Henrique Maués:
P - Como o senhor recebe a notícia de que a OAB remeteu à PGR o pedido de que sejam tomadas medidas judiciais urgentes visando o imediato afastamento do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda?
R - A OAB, na sua função de defesa da dignidade das instituições democráticas, do Poder Judiciário e na defesa do Estado Democrático de Direito, não poderia deixar de se pedir o afastamento imediato do governador Distrito Federal. Diante das denúncias de tentativa de pressionar uma das testemunhas do inquérito que apura o pagamento de propinas pelo governador a membros de sua base aliada, é necessário de fato que o Ministério Público adote medidas urgentes e severas para que o inquérito não seja afetado pelo comportamento do governador. O Poder Judiciário não pode ficar à mercê de atitudes como essas relatadas pela mídia, sem dar uma resposta imediata à sociedade brasileira.
P - Qual a sua avaliação acerca de todo esse escândalo que ficou mais conhecido como mensalão do DEM?
R - Há um grande traço da corrupção permeando todos esses fatos que envolvem o governador José Roberto Arruda e os Poderes da República de um modo geral. Espero que tenhamos um apuração rigorosa dessas denúncias. Poucas vezes ficou tão bem comprovada a corrupção por meio de imagens impactantes, sobretudo quando se trata de um governador. Eu esperava que o governador se afastasse do cargo para que as investigações pudessem ocorrer de forma isenta e não fossem contaminadas. Digo isso porque o governador do Estado é aquele que comanda as forças de segurança pública, a polícia militar. Essa autoridade tem um poder enorme, então, por esses motivos, entendo que o governador deveria ter se afastado para que as investigações não fossem contaminadas e não houvesse possibilidade de represália por parte do chefe do Distrito Federal.
No dia seguinte, em entrevista ao Diário do Nordeste, Maués voltou a se pronunciar sobre o caso Arruda, e afirmou que "a corrupção está, lamentavelmente, entranhada na vida pública brasileira".