O presidente do IAB, que integrou a mesa de honra, destacou em seu discurso o valor simbólico do evento, que reuniu na sede da Academia, no Rio de Janeiro, as duas mais antigas instituições científico-culturais do Brasil em atividade: a ANM e o IAB, fundados, respectivamente, em 1829 e 1843. Segundo o advogado, “o debate sobre drogas é um esforço em benefício da cidadania, pois a proibição criou um nicho de violência antes inexistente”. Técio Lins e Silva registrou também “a importância do esclarecimento a respeito dos efeitos deletérios da política proibicionista proporcionado por autores como Salo de Carvalho, Maria Lúcia Karam e Nilo Batista, e os pioneiros Alberto Zacharias Toron e Álvaro Mayrink da Costa, que assumiram posição na década de 1980, quando o assunto era tabu”.
Compuseram a mesa de honra o presidente da ANM, Francisco Sampaio; o secretário-geral da ANM, Antonio Egídio Nardi; o desembargador Siro Darlan, do TJRJ; a juíza aposentada Maria Lúcia Karam, que preside a representação brasileira da Leap (Law Enforcement Against Prohibition), e o benemérito da ANM Pedro Grossi. Após a abertura do simpósio, feita por Francisco Sampaio, o desembargador Siro Darlan falou sobre a ineficiência do processo de combate às drogas no Brasil, lembrando que o País é o terceiro que mais realiza prisões em todo o mundo. O magistrado disse, também, que o sistema penitenciário brasileiro acolhe, em sua grande maioria, negros, pobres e analfabetos. “Reunir nesse simpósio as maiores cabeças pensantes da medicina e do direito brasileiro é uma honra. É possível combater as drogas de maneira humana e eficaz. Nós, juristas, achamos necessária a discussão entre lei e saúde na questão das drogas", afirmou Siro Darlan.
Da esq. para a dir., Pedro Grossi, Antonio Egídio Nardi, Francisco Sampaio, Siro Darlan, Técio Lins e Silva e Maria Lúcia Karam
Proibição mata mais que consumo – Maria Lucia Karam também defendeu a descriminalização e levantou a possibilidade de arrecadação de impostos através da legalização do cultivo e consumo das drogas. "Precisamos discutir a legalização das drogas, mas isso não significa que apoiamos e nem incentivamos o consumo dessas substâncias”, afirmou a magistrada. “Posso afirmar que as mortes devido à proibição são maiores que as causadas pelo consumo. O vício das drogas é uma doença e, assim como toda doença, não pode ser tratada como crime”, disse.
O acadêmico Antonio Egídio Nardi falou dos transtornos mentais associados ao uso de substâncias tóxicas. Ele lembrou que muitos casos de esquizofrenia e outros surtos psicóticos são ocasionados pelo uso abusivo de drogas. Por outro lado, o professor Dartiu Xavier Silveira Filho, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), disse que “a legalização do cultivo irá aumentar a pureza da droga e, consequentemente, diminuir a sua nocividade”.
O simpósio também foi marcado por palestras feitas pelo ex-secretário de Direitos Humanos do RJ Jorge da Silva, a delegada Sandra Ornellas, o tenente PM Anderson Duarte e o inspetor da Polícia Civil Bruno Vieira de Freitas. Todos abordaram o tema A experiência da guerra às drogas.
OS MEMBROS DO IAB ATUAM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. FILIE-SE!