O juiz, que também é professor de Direito Processual Civil da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), há muitos anos vem estudando o Direito Cibernético, área das ciências jurídicas que trata da regulação das relações sociais no âmbito da internet. “Com o avanço das tecnologias, houve a perspectiva de criação de um juiz artificial, o que, aliás, já está em prática na Estônia, onde um algoritmo julga as causas de até sete mil euros, cabendo recurso na instância superior”, informou Alexandre Freire Pimentel, em tom de crítica.
O palestrante também analisou os meios disponíveis na legislação eleitoral brasileira para conter atos de campanhas que, por meio da utilização de robôs, desrespeitem direitos e princípios constitucionais. Segundo ele, a legislação não tem capacidade de lidar com a realidade. “Embora a inteligência artificial esteja cada vez mais presente, no Direito Eleitoral brasileiro existe um princípio segundo o qual os meios de propaganda que não forem explicitamente proibidos, são permitidos”, explicou, acrescentando: “Não existe proibição na Lei das Eleições, que é a Lei 9.504, de 1997, atualizada a cada dois anos, ao uso de robôs em propaganda eleitoral”. Alexandre Freire Pimentel disse que “só há impedimento legal para mensagens destinadas a falar mal de candidatos concorrentes, sendo permitidos os impulsionamentos de autopromoção”.
Censura prévia – O magistrado aproveitou para elogiar a impossibilidade legal de censura antecipada no País: “A nossa Constituição, graças a Deus, proíbe a censura prévia, o que significa que nenhum juiz pode, no controle da propaganda eleitoral, por exemplo, suspender as ações de uma pessoa numa rede social, sem que ela já tenha cometido uma ilicitude a ser reprimida”. Em relação à massificação do acesso da internet, Alexandre Freire Pimentel disse que o fenômeno tem atingido gravemente o direito à privacidade. “As pessoas simplesmente aceitam os termos e condições das redes sociais, abrindo mão da sua vida privada, monitorada pelas máquinas, em troca de uma falsa sensação de empoderamento”, afirmou.
OS MEMBROS DO IAB ATUAM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. FILIE-SE!