Após a apresentação da obra pelo autor, o tema do livro foi debatido por June Cirino dos Santos, que é professora do Curso de Especialização em Direito Penal e Criminologia do Instituto de Criminologia e Política Criminal (ICPC), e pelo presidente da Sacerj e membro do Conselho Superior do IAB, Alexandre Dumans. “O livro é uma grande homenagem à criminologia crítica, com enfoque na exploração do ser humano na lógica do capital, trazendo em cada linha uma intensa carga passional depositada por uma pessoa que sente uma emoção enorme pelo objeto de sua pesquisa”, disse a advogada. Para Alexandre Dumans, “não se trata de um livro escrito em oito meses na pandemia, mas de uma obra construída pela vida inteira, durante a qual o autor reuniu vasto conhecimento sobre criminologia e Direito Penal”.

Fé e racionalidade – Juarez Cirino dos Santos comentou alguns pontos do livro de 438 páginas divididas em 24 capítulos. Um deles é o reflexo no Direito provocado pela Revolução Industrial. “A passagem da sociedade feudal para a capitalista resultou na substituição da fé pela racionalidade e foi uma grande conquista da sociedade burguesa, já que trouxe consigo profundas mudanças no Direito voltadas para a defesa da paz social”, explicou.
O autor também falou sobre o aumento da criminalidade decorrente das desigualdades sociais criadas pelo capitalismo e a intensificação do punitivismo como instrumento de controle social para combatê-la. “O programa Tolerância Zero, por exemplo, adotado em Nova Iorque, nos anos 1990, pelo prefeito Rudolph Giuliani, foi uma experiência brutal que, embora chamada de gestão da pobreza, consistiu na verdade na criminalização da pobreza, com o aprisionamento de milhares de pequenos infratores e a superlotação das cadeias”, criticou.
No livro, Juarez Cirino dos Santos cita conceitos de grandes pensadores, como Sigmund Freud e Karl Marx, relacionados a questões abrangidas pela criminologia, enquanto estudo das causas do comportamento antissocial do homem, tendo como base a Psicologia e a Sociologia. “Não se pode analisar a teoria do poder econômico e as injustiças sociais por ele provocadas, sem ter a compreensão da luta de classes mostrada por Karl Marx”, disse o jurista. Ao mencionar o pai da psicanálise, ele destacou que Freud, em referência ao desejo de posse e os seus efeitos para a satisfação humana, demonstrou que "a posse de um objeto traz alegria para a criança, que chora com a sua perda”.