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Quinta, 14 Novembro 2024 23:25

Evento do IAB põe em pauta o impacto das novas tecnologias na reforma da governança global

Márcio Francisco Campos Márcio Francisco Campos

Para o diretor de tecnologia do Instituto de Ciência, Tecnologia e Informação de Maricá (ICTIM), Márcio Francisco Campos, os avanços tecnológicos podem contribuir para a manutenção de poder das grandes potências. “Quando falamos, por exemplo, de inteligência artificial, precisamos lembrar que não há neutralidade. Toda tecnologia tem uma intencionalidade. O computador é programado por um chefe, que segue as ordens de um presidente”, disse ele. A afirmação foi feita na roda de conversa promovida, nesta quinta-feira (14/11), pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). O encontro teve como objetivo pensar estratégias para uma reforma na governança global, um dos temas eleitos como prioridade pela presidência brasileira no G20.

Usando como exemplo a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, Campos apontou que a tecnologia tem o potencial de influenciar a sociedade de acordo com os desejos dos mais poderosos. Segundo ele, foi o que aconteceu quando o bilionário Elon Musk, líder de empresas como Tesla, X e Starlink, financiou parte da campanha de Trump com o objetivo de ganhar espaço na Casa Branca. “A burguesia não quer saber de Estado, quer saber dos seus próprios negócios”, disse o palestrante, apontando a dificuldade de criar estratégias de governança global nesse tipo de cenário.

Da esq. para a dir., Larissa Siqueira Campos, Thales de Miranda, Sydney Limeira Sanches, Raquel Rangel, Adriana Amaral dos Santos e Valéria Sant’Anna

Thales de Miranda também destacou que a inteligência artificial pode ter impactos negativos nas estruturas sociais: “É uma revolução no conhecimento humano que causará uma ruptura no mercado de trabalho, aumentando a desigualdade social e o controle do mercado por detentores da tecnologia”. Na visão dele, a presença de Musk e seu poder tecnológico no governo de uma grande potência é um exemplo de como esse processo pode gerar crises diplomáticas e fazer o totalitarismo crescer ao redor do mundo.

A abertura do encontro foi realizada pelo presidente nacional do IAB, Sydney Limeira Sanches, que elogiou a Comissão para o Pacto Global e Estudos sobre a Agenda 2030/ONU pela organização do evento. Presidente do grupo, Valéria Sant’Anna lembrou que as atividades promovidas pela comissão têm se concentrado no debate aberto sobre o combate à fome, o clima e a reforma na governança global. “Todo o programa foi construído para garantir que nossas ações estivessem dentro desses três eixos, que foram definidos pela Cúpula Social do G20 como prioridades”, comentou.

A roda de conversa também teve a participação da vice-presidente da Comissão para o Pacto Global e Estudos sobre a Agenda 2030/ONU, Raquel dos Santos Rangel, da membro do Conselho Superior do IAB Margarida Pressburger e dos líderes acadêmicos do grupo Justice, Welfare and Economics 3/2024 G20 Rio Adriana Amaral dos Santos, Larissa Siqueira Campos, Luciane Trippia e Adriana Santos.

Margarida Pressburger

Desenvolvimento sustentável – Durante o encontro, os participantes também ressaltaram a necessidade de aumentar esforços para aliar a existência humana à sustentabilidade do planeta. Adriana Amaral dos Santos sublinhou que os super-ricos não trazem problemas apenas para a gestão política, mas também para a manutenção do meio ambiente. “A Universidade de Oxford apontou que os mais ricos, que representam 1% da população mundial, emitem a mesma quantidade de poluição que cinco bilhões de pessoas. Levaria cerca de 1500 anos para uma pessoa que está entre os 99% produzir tanto gás carbônico quanto os bilionários o fazem em um ano”, afirmou a advogada.

Adriana Santos

Na visão de Raquel Rangel, o cenário ambiental demonstra como o homem errou em traduzir como progresso o aumento das indústrias e do consumo: “Isso gera consequências para toda a sociedade, ocasionando as mudanças climáticas, o desmatamento e a perda de biodiversidade – mais de 35.500 espécies estão em risco de extinção”. Dando ênfase ao problema, Margarida Pressburger destacou que uma das espécies mais ameaçadas pela ação do homem é a humana. “O perigo da extinção está nos atingindo. Estamos sendo extintos por agrotóxicos e por viroses oportunistas que estão aparecendo de todo lado”, alertou.

Luciane Trippia

Um dos passos para manter a sustentabilidade da vida na Terra, segundo Adriana Santos, é a preservação do território indígena: “Essa é a base essencial, já que essas populações são fundamentais para a garantia das biodiversidades locais”. Já Luciane Trippia apresentou uma visão mais otimista sobre o tema, apontando que a educação climática pode ser uma aliada na redução das tragédias de causas naturais. “A Lei 14.926, aprovada neste ano, vai incluir essa questão nas escolas. A educação ambiental é uma forma importante de sensibilizar nossos alunos e trazer novos olhares para esse debate”, disse ela.
 

A atividade autogestionada indicou que a reforma na governança global acontecerá a partir da educação, conforme  indicado na Agenda 2030/ONU, através da formação da cidadania global. Há necessidade de uma estrutura educacional que permita a formação da cidadania global através de manifestações de cultura local e da arte.

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