A diretora afirmou que a perspectiva para o IAB Cultura é ter um calendário mais aberto, se comparado àquele que compreende os eventos tradicionais da Casa de Montezuma. “Pretendemos ter uma agenda mais espaçada e com um universo múltiplo e multidisciplinar de eventos. Talvez o tema do nosso segundo encontro seja a arquitetura”, adiantou a advogada, sublinhando que o selo poderá ser construído coletivamente pelos consócios.
Da esq. para a dir., Antônio Cícero, Paula Lima, Sydney Limeira Sanches, Paulo Sèrgio Valle, Antônio Laért Vieira Junior e Wilson Simoninha
Conduzindo o evento, o presidente nacional do IAB, Sydney Limeira Sanches, destacou a felicidade em promover o lançamento do selo ao lado de grandes artistas, como o compositor Paulo Sérgio Valle. Ele afirmou que as questões culturais dialogam a todo tempo com o Direito e a aproximação desses dois campos é muito especial também por ser feita na véspera do aniversário do Instituto: “Amanhã, dia 7, nós comemoramos 181 anos de ininterrupta atividade em prol da construção do Estado brasileiro”.
Selo IAB Cultura
O evento também teve a participação da intérprete e presidente da União Brasileira de Compositores (UBC), Paula Lima, dos compositores Wilson Simoninha e Antônio Cícero, que também é membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), da deputada estadual Tia Ju, do CEO da UBC, Marcelo Castello Branco, entre outros convidados e membros do IAB. A mediação foi realizada pelo diretor do Setor Administrativo do Instituto, Antônio Laért Vieira Júnior.
Elogiando o trabalho dos compositores, Antonio Laért afirmou que as ciências como o Direito são muito importantes para a sociedade, mas as manifestações culturais tornam o mundo melhor. “Somos privilegiados por viver junto com os artistas. Essas pessoas, com sua arte e sua poesia, têm revelado o melhor de nós”, disse o advogado.
Tia Ju e Antônio Cícero
Processo criativo – Os ouvintes do plenário histórico tiveram a oportunidade de conhecer, através da experiência dos artistas, detalhes sobre o processo de criação de músicas. Compositor de músicas de sucesso como Maresia, interpretada por Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero afirmou que a música tem relação direta com a poesia, que nasceu da tradição oral ainda na Antiguidade.
Ele lembrou que a cultura era transmitida através de versos musicados e assim se perpetuava. “Essa é a origem da poesia. Os primeiros poemas surgiram como letras de música. Os que sobreviveram é porque provavelmente eram melhores para serem lidos”, disse o autor. Ele contou que começou a compor quando sua irmã, a cantora Marina Lima, pegou um violão e musicou alguns poemas que ele escrevia: “Depois, passei a fazer o inverso, eu letrava as composições dela”.
Na opinião de Paulo Sérgio Valle, que tem mais de mil músicas gravadas, a melhor ordem para a composição é começar pela melodia. “Musicar letra não é uma coisa muito boa, porque às vezes fica uma coisa quebrada. Por isso, a melhor coisa é colocar letra na música e respeitar a sonoridade e a sequência”, defendeu ele. Wilson Simoninha destacou que é a melodia o diferencial na emoção da letra: “Na canção, quando você tem a oportunidade de juntar uma música bacana com uma letra especial é a ação perfeita. A melodia ajuda a letra a tocar a gente e a música nos desperta para reflexões”.
Marcelo Castello Branco e Leila Pose Sanches
Fazer sucesso – Segundo Marcelo Castello Branco, não existe fórmula para produzir uma música que ganhe o gosto popular. Ele lembrou que a interpretação também é um fator fundamental para o sucesso, já que algumas canções se popularizam na voz de um artista e na de outro não. “Também tem o fator tempo, às vezes uma gravação é lançada cedo demais e, em outras vezes, tarde demais. Malandragem, conhecida na voz de Cássia Eller, só estourou três anos depois de lançada. Tem a ver com mídia, com exposição, mas também com sorte”, explicou.
Algumas composições, disse Paula Lima, ganham contorno através do olhar de outras pessoas. Ela contou que gosta de compartilhar suas experiências e sentimentos com outros artistas e, às vezes, surgem novas músicas: “Falei para o Emicida sobre algumas coisas que eu sinto, questões sociais, de direitos humanos e também sobre felicidade, cura e resiliência. Achei que ele tinha esquecido, mas um mês depois ele me ligou com uma música e me fez chorar. Às vezes as coisas são construídas assim”.