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Sábado, 21 Setembro 2024 03:13

Dramas do sistema prisional são transformados em peça teatral de livro lançado no IAB

Da esq. para a dir., no alto, Gabriel Ignacio Anitua, Marlon Húngaro e Ricardo Genelhú; no meio, Vera Regina Pereira de Andrade, Marcia Dinis e Carlos Eduardo Machado; embaixo, Juarez Tavares Da esq. para a dir., no alto, Gabriel Ignacio Anitua, Marlon Húngaro e Ricardo Genelhú; no meio, Vera Regina Pereira de Andrade, Marcia Dinis e Carlos Eduardo Machado; embaixo, Juarez Tavares

“As prisões são fontes de dor, humilhação, sofrimento e purgação inútil”, disse o doutorando em Direito Processual pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Marlon Húngaro, durante o lançamento do livro Eu, a prisão, confesso!: uma dramaturgia absurda sobre a inabsurda abolição das prisões, promovido pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) nesta sexta-feira (18/9). Coautor da obra, ele explicou que a publicação aborda, através da linguagem teatral, os dramas e as violações de direitos que ocorrem no cárcere. 

Segundo Húngaro, que escreveu o livro em parceria com o pós-doutor em Criminologia pela Universität Hamburg Ricardo Genelhú, o objetivo foi traduzir na dramaturgia questões já conhecidas pelos criminalistas. Para o advogado, as cadeias rompem com os direitos básicos e não cumprem o papel proposto a elas. “Me torno cada vez mais convicto de que as instituições prisionais estão apenas aguardando o seu momento de abolição”, ele afirmou.

Ricardo Genelhú também se posicionou contra o sistema prisional, posição já expressa em outras obras do autor, como Manifesto para abolir as prisões (2017) e Contracenando com o diabo no covil dos criminólogos (2023). Apesar dos anos de militância na demonstração da ineficiência do encarceramento, ele afirmou: “Nunca estamos prontos para desafiar a prisão porque ela é uma arma poderosíssima. Tem cerca de 250 anos e não podemos ter a arrogância de achar que vamos enfrentá-la em pé de igualdade”. 

Por saber do senso comum que cerca o tema, o autor escolheu o teatro como meio de tornar o debate mais acessível. De forma lúdica, ele transformou a prisão em personagem e a colocou no papel de protagonista do drama. “Este livro traz criminologia sem muros, fora da academia. Quem lê-lo vai perceber que nós tentamos poetizar a desgraça humana. Isso sem a intenção de sermos indelicados com a dor do outro. Nosso objetivo foi apenas tentar deixar um pouco mais leve esse assunto tão terrível”, completou Genelhú.

Na abertura do evento, o 1º vice-presidente do IAB, Carlos Eduardo Machado, elogiou a obra e afirmou que se surpreende com o fato de a sociedade ainda enxergar no encarceramento a solução para os problemas de segurança pública. “Todo livro que trata desse tema é muito bem-vindo porque temos que buscar abrir os olhos das pessoas sobre o fracasso da pena de prisão como forma de proteção, de recuperação ou como algo que trará resultados positivos”, disse o criminalista.

Diretora de Biblioteca do IAB e especialista em Criminologia, Marcia Dinis destacou que a iniciativa de abordar os problemas do encarceramento por meio de uma linguagem acessível contribui para a ampliação do debate sobre o tema: “Os autores fazem denúncias muito importantes sobre a seletividade penal e a estigmatização. Com um formato inovador, eles acabam expandindo o estudo das ciências criminais para o público em geral, porque o teatro e a arte são excelentes formas de comunicar”. 

O evento também teve a participação dos membros da Comissão de Criminologia do IAB Vera Regina Pereira de Andrade, Juarez Tavares e Gabriel Ignacio Anitua.

Definindo a obra como uma ferramenta artística para pensar a transformação social, Gabriel Ignacio Anitua destacou que a publicação não traz apenas uma tradução sensível das ciências criminais, mas também tem um viés pedagógico. “Existem diferentes prisões. Temos cadeias no Rio de Janeiro, em Vitória, em Buenos Aires, em Salvador… São todas diferentes, mas tem algo que elas compartilham: a infelicidade, a dor e a morte – isso que está tão bem descrito neste livro”, disse ele.

Para Vera Regina Andrade, os autores projetaram na obra domínio sobre as ciências criminais e talento teórico e dramatúrgico: “Eles ingressam visceralmente dentro da prisão e de seus personagens, fazendo a criminologia dar as mãos à imaginação radical. Embora advirtam que é uma obra de ficção, em momento algum essa dramaturgia se distancia da real prisão e dos horrores que a habitam”.

Já Juarez Tavares pontuou que o livro escancara, como um manifesto, a necessidade de eliminar o senso comum que entende a prisão como algo necessário à estabilidade social. “A prisão sempre foi, na verdade, um instrumento de perpetuação de poder. Instrumento esse usado para causar sofrimento aos adversários e assegurar a execução completa de tal poder diante dessa pessoa”, disse o advogado.

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