A abertura do webinar foi feita pelo presidente nacional do IAB, Sydney Sanches. Segundo ele, “é fundamental reconhecer a relevância histórica da chancelaria brasileira na consolidação do País, como também por tudo que vem fazendo até hoje, ao superar as dificuldades de todos os governos e manter-se hígida na defesa dos interesses nacionais”. O presidente recomendou a leitura do livro: “É uma obra fundamental sobre um momento relevante da construção da identidade nacional”.
Participaram do webinar o embaixador e diretor de Publicações do Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHG-DF), Paulo Roberto de Almeida, que prefaciou o livro, e a doutora em Ciência Política e professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Gabriela Nunes Ferreira. Os debates foram mediados pela diretora de Biblioteca, Marcia Dinis, que destacou “o quanto é importante o lançamento de obras dessa qualidade nesses tempos tão difíceis para a cultura no País”.
Ao enfatizar a estratégia adotada pelo visconde do Uruguai, como ficou conhecido o diplomata Paulino José Soares de Sousa, para evitar o aprofundamento de conflitos com os países vizinhos, o autor se referiu ao episódio conhecido como Guerra do Prata. Nos anos de 1851 e 1852, houve confronto diplomático e militar entre Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, pelo controle do Rio da Prata, estuário formado pelo deságue dos rios Paraná e Uruguai. “A condução do episódio, que manteve intacta e extensão territorial dos países, foi um dos primeiros passos da política externa inaugurada por ele”, afirmou Paulo Fernando Pinheiro Machado.
Visibilidade – O autor falou sobre o que o levou a escrever a obra: “Quando a gente estuda a história da diplomacia brasileira, constata que o visconde do Uruguai não tem muita visibilidade, como outras figuras igualmente importantes na trajetória da nossa política externa”. O advogado e diplomata ressaltou que as mudanças na chancelaria nacional ocorreram na segunda passagem do visconde do Uruguai pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. “Na gestão de 1849 a 1853, ele estruturou a nossa política externa, sem romper com as tradições diplomáticas herdadas de Portugal, mas fazendo uma releitura das doutrinas e resistindo às pressões para renovar tratados desfavoráveis ao País”, enfatizou.
Ao comentar o livro, Gabriela Nunes Ferreira afirmou: “É uma obra completa sobre um personagem central na construção do Estado brasileiro, trazendo uma análise profunda das várias frentes abertas por Paulino José Soares de Sousa, como a priorização estratégica das relações diplomáticas com os países da América do Sul”. De acordo com ela, “a obra, de forma acertada, afirma que ele inaugurou uma política externa digna deste nome, delimitando um campo de atuação da diplomacia brasileira”.
Paulo Roberto de Almeida disse que a leitura o fez rever algumas posturas: “O livro me fez revisar alguns preconceitos que mantinha em relação à vertente conservadora da diplomacia brasileira durante o Segundo Reinado”. O embaixador também destacou a atitude do visconde do Uruguai: “Resultou no reconhecimento dos territórios de países vizinhos, como o Paraguai e o Uruguai, e a preservação do nosso”. Ele ressaltou a precocidade do diplomata retratado na obra, que, “ainda muito jovem, assumiu postos importantes que lhe deram a experiência administrativa necessária para atuar na construção da diplomacia brasileira”. Antes de receber o título de visconde, em 1854, ele foi juiz, desembargador e ministro do antigo Supremo Tribunal de Justiça, além de deputado, senador e ministro da Justiça, por duas vezes.