
“A ideia de escrever o livro nasceu durante a elaboração da minha tese de mestrado, quando enfrentei muitas dificuldades para encontrar bibliografia sobre a questão em estudo, como se o Direito Cooperativo praticamente não existisse”, contou Paulo Renato Fernandes da Silva. Ele informou que o livro “enfoca os princípios que sustentam esse segmento relativamente novo do Direito, como também os aspectos societários que envolvem as cooperativas”. O autor disse ainda que buscou na nova edição “estabelecer uma interface entre o Direito Cooperativo do Trabalho e o Direito do Trabalho, além de questionar as hipóteses cogitadas de reconhecimento de vínculos empregatícios e pagamento de benefícios como férias e adicionais aos cooperados, pois são situações que tendem a descaracterizar a natureza das cooperativas”.
O desembargador Ivan Alemão elogiou a qualidade do livro: “É um trabalho primoroso, não somente pelo conteúdo da obra, mas também pela capacidade do autor de manter atualizados temas que estão sendo constantemente modificados pela jurisprudência e pela produção excessiva de leis”. O magistrado destacou a importância do cooperativismo para o crescimento da economia, mas criticou a existência de “falsas cooperativas”, que hoje, reconheceu, são criadas em menor número. “Na década de 1990, muitos casos foram parar na Justiça do Trabalho com a criação de milhares de cooperativas fraudulentas, que tinham o objetivo exclusivo de escapar das obrigações previstas na Consolidação das Leis Trabalhistas”, lembrou.

Índole solidária – Cláudia Marcia de Carvalho Soares também fez elogios ao livro: “É uma grande obra, escrita por um profissional que trata tudo com profunda seriedade e que situa o Direito Cooperativo do Trabalho de forma muito correta, numa zona intermediária entre o Direito do Trabalho e o Direito Empresarial”. Para a presidente da Ajutra, “os graves problemas de desemprego em massa neste momento de pandemia exigem comportamentos em prol da coletividade, como, por exemplo, a índole solidária, tão bem citada pelo autor como uma característica das cooperativas”.
O diretor de Comunicação da OAB/RJ destacou a oportunidade para o lançamento da nova edição do livro: “A obra é lançada num momento de grandes reflexões, inclusive em relação aos novos processos econômicos a serem implementados e os seus efeitos no combate ao enorme desemprego que atinge o País, sendo importante para isso a abertura de mais espaço para o cooperativismo”.
Ronaldo Callado falou sobre as dificuldades que sempre enfrentou para aplicar o previsto no parágrafo único do art. 442 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Conforme o dispositivo, “qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela”. De acordo com o magistrado, “para aplicar a lei no julgamento de casos em que é reivindicado o reconhecimento de vínculo empregatício, é preciso verificar, antes da tomada das decisões, se os empreendimentos acionados judicialmente são cooperativas ou realmente fraudes, conforme denunciados”.
Ao comentar o teor do livro, Marcia Dinis chamou a atenção para o fato de que “é uma obra praticamente inédita, porque quase ninguém escreve sobre esse assunto”. Daniel Apolônio destacou a realização do webinar e o fato de o IAB não ter interrompido as suas atividades acadêmicas durante a pandemia. “A história mostrará no futuro o quanto o IAB, nesse momento de isolamento social, manteve-se ativo, realizando debates sobre os grandes temas jurídicos, graças à condução da entidade pela presidente Rita Cortez, que não permitiu que o Instituto parasse”. Ao final do evento, três exemplares do livro foram sorteados entre os espectadores do webinar.