Morreu na terça-feira (27/2), aos 81 anos, o economista e cientista social Theotônio do Santos. Ele era professor emérito da Universidade Federal Fluminense e coordenador da cátedra de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável da Unesco.
Tehotônio dos Santos foi um dos principais intelectuais brasileiros a estudar o país a partir dos anos 1960. Foi um dos formuladores da Teoria da Dependência, que aplicava uma leitura marxista, mas não dogmática, das relações capitalistas globais. Segundo essa tese, o imperialismo impôs uma organização internacional do trabalho por meio da qual alguns países centralizaram o processo industrial de acumulação de riqueza e capital enquanto outros, caso dos países da América Latina, foram relegados à posição de exportadores de mão de obra e recursos naturais e se especializaram na produção de bens industriais de baixo valor agregado.
Foi a teoria socioeconômica que orientou os primeiros governos depois da Constituição de 1988, especialmente o de Fernando Henrique Cardoso, outro dos expoentes da tese.
Quando estudante da Universidade Federal de Minas Gerais, Theotônio dos Santos dedicou-se ao estudo do marxismo e, com o golpe militar de 1964, foi para a clandestinidade. Participou da fundação da Organização Revolucionária Marxista – Política Operação, a Polop, em 1961. O grupo foi criado por estudantes para se distanciar do Partido Comunista Brasileiro, diretamente ligado ao Partido Comunista Soviético, e criticar a socialismo stalinista, apoiado pelas organizações de esquerda da época.
Santos chegou a se exilar no Chile por causa da perseguição pelo governo militar. De volta ao Brasil depois da ditadura, escreveu 38 livros e 150 artigos científicos traduzidos para 16 idiomas.
O presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Técio Lins e Silva, lamentou a morte do amigo. Em nota de “profundo pesar”, contou que Theotônio proferiu palestra no IAB em maio de 2017 sobre integração regional na América Latina. O economista “acreditava no desenvolvimento de novas relações sociais, livres e emancipadas, sem a fragmentação provocada pela força do capital e com a valorização do conhecimento compartilhado por todos”, diz o IAB.
Leia a nota do IAB:
O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) manifesta o seu profundo pesar com a morte, ocorrida nesta terça-feira (27/2), aos 81 anos, do economista, sociólogo e cientista social Theotônio dos Santos, um dos maiores pensadores latino-americanos. Professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador da cátedra Unesco em Economia Global e Desenvolvimento Sustentável, Theotônio dos Santos proferiu palestra no plenário do IAB, no dia 22 de maio de 2017, no seminário Integração regional: os desafios e as perspectivas da América Latina na atual conjuntura geopolítica, realizado pela Comissão de Direito da Integração.
Nascido em Carangola (MG), ingressou na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no final dos anos 1950. Em 1961, foi um dos fundadores da Organização Revolucionária Marxista — Política Operária (Polop). Perseguido pela ditadura militar, Theotônio dos Santos se exilou no Chile. Ao retornar ao Brasil, prosseguiu nos estudos sobre economia, política e educação, escrevendo inúmeras obras de reconhecimento mundial. Foram 38 livros e 150 artigos publicados em 16 idiomas. O autor acreditava no desenvolvimento de novas relações sociais, livres e emancipadas, sem a fragmentação provocada pela força do capital e com a valorização do conhecimento compartilhado por todos. Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 2017
Técio Lins e Silva
Presidente nacional do IAB
Fonte: https://www.conjur.com.br/2018-mar-02/morre-economista-cientista-social-theotonio-santos
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