O reconhecimento faz parte da iniciativa do Instituto de promover homenagens a nomes femininos de destaque durante o mês da mulher. “Cada uma dessas mulheres tem trajetórias de vida profissional distintas, mas são ligadas por um vínculo em comum: a promoção da justiça, dos direitos humanos e da igualdade em nosso País”, disse a 2ª vice-presidente do IAB, Adriana Guimarães, que conduziu a solenidade. O evento também contou com a presença do presidente da Seccional, Luciano Bandeira; da ex-presidente do Instituto, Rita Cortez; do secretário-geral do IAB, Jorge Rubem Folena; da diretora de Biblioteca, Marcia Dinis; do diretor secretário responsável pelas Relações Institucionais da entidade, Armando de Souza; do diretor ouvidor e Apoio aos Sócios, Paulo Maltz; do presidente da Comissão de Direito Coletivo do Trabalho e Direito Sindical, Marcus Vinicius Cordeiro; da presidente da Comissão OAB Mulher, Flávia Ribeiro, entre outros.
O presidente da OAB/RJ parabenizou as mulheres homenageadas pelo rompimento de barreiras na escalada feminina a cargos de direção. Ele afirmou que elas abriram portas para outras colegas de profissão em um País onde ainda é preciso lutar pelos direitos básicos. “A proteção integral da mulher é uma pauta muito importante e um tema relevante, porque o feminicídio e a violência contra a mulher continuam muito enraizados na sociedade brasileira”, disse Bandeira. No mesmo sentido, Flávia Ribeiro agradeceu a luta daquelas que antecederam a sua geração de advogadas. “Sabemos que os direitos femininos ainda não foram alcançados em sua plenitude, mas tenho certeza que, ao olhar para trás, vejo mulheres fantásticas que fizeram a diferença”.
Maria Adelia Campello, primeira mulher a ocupar a presidência da Casa de Montezuma, afirmou: “Receber a Medalha Esperança Garcia é como se fosse a coroação dos meus ideais, que são a justiça, a liberdade, o bem de todos, a igualdade e a defesa do direitos femininos”. A comenda é destinada a mulheres que lutam pela defesa dos direitos humanos, de gênero e raça, e faz referência àquela que foi declarada primeira advogada brasileira. Ela foi pioneira na luta por justiça social quando, ainda no século XVIII, redigiu ao governador do Piauí uma denúncia de maus-tratos sofridos por sua família. Edmée da Conceição Cardoso lembrou da figura de Esperança como um símbolo de coragem. "Não cabem dúvidas que temos muito a fazer para superar o racismo, por ser estrutural e estar presente em toda a sociedade brasileira”, afirmou a primeira diretora negra do IAB.
Na visão de Mônica Alexandre, que foi pioneira na presença de mulheres negras no secretariado da Ordem, Esperança é uma prova de que o grupo nunca foi passivo. “Agradeço imensamente a concessão da medalha e reitero o orgulho de tê-la comigo e o compromisso de representar dignamente a luta que ela representa”. Rita Cortez afirmou que a iniciativa de promover todas as homenagens é um "ato simbólico para mostrar que as mulheres têm capacidade de avançar nos seus pleitos e alcançar suas conquistas”. A 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amelia Menna Barreto, que estava no plenário virtual, parabenizou todas as consócias e disse que o Instituto quer continuar contando com as luzes trazidas por elas.
Gloria Marcia Percinoto
A trajetória da primeira mulher a exercer o Direito no Brasil, Myrthes Campos, também foi celebrada pelas agraciadas com a comenda que leva o nome da pioneira. “Ela lutou na justiça para poder advogar, tendo já feito júri. É muito interessante a descrição dela feita por Evaristo de Morais, que diz que ela usava um vestido de seda de gola e punhos brancos. Fiquei pensando: ainda não havia a toga do júri, mas ela defendia e absolvia seus representados. Myrthes, para nós, é esse símbolo”, disse Gloria Marcia Percinoto em seu discurso. A advogada também direcionou a homenagem, que é oferecida a pioneiras do Direito, para todas as colegas de profissão que desbravaram a carreira em tempos tão desiguais.
Leila de Andrade Linhares Barsted
A geração de homenageadas, segundo Leila Linhares, tem em comum, além do trabalho pela fundação da OAB Mulher, um processo de formação forjado durante o combate pelo fim da ditadura e pela redemocratização da política e das instituições do Direito. “Costuramos até hoje nossas lutas e direitos, e a OAB Mulher foi muito importante na nossa vivência como advogadas, não apenas por nos encontrarmos como mulheres irmanadas pelos mesmos objetivos, mas também por estarmos dispostas a lutar por espaço”. Segundo Ana Muller, que representou familiares de desaparecidos políticos, esse trabalho foi executado em um ambiente hostil: “Nós, mulheres advogadas, não recebemos nada de graça, tudo o que tem nessa Casa e nessa profissão é fruto da nossa conquista através de muita luta e segregação”.
Ana Muller