A doação do Oxê de Xangô ao TJ do Rio foi liderada por Humberto Adami e pela Iyalaxé Arethuza Dória de Omidayè, membro da Comissão Estadual da Verdade da Escravidão Negra no Brasil da OAB/RJ. Segundo Adami, a entronização do Oxê de Xangô é uma vitória sem precedentes no Brasil. “O Machado de Xangô é o símbolo da justiça das religiões de matriz africana e, ao abrir suas portas para o acolhimento simbólico do Oxê, a presidência do TJRJ atua para ver a laicidade de Estado prevista na Constituição Federal”, enfatizou.
Numa iniciativa inédita entre os tribunais do País, o Oxê de Xangô está exposto entre os auditórios Desembargador Antonio Carlos Amorim e Desembargador Nelson Ribeiro Alves, localizados no Fórum Central do Poder Judiciário fluminense, no Centro do Rio. A proposta dos auditórios é receber os principais eventos jurídicos promovidos no Rio de Janeiro, com grande movimentação de pessoas.
Oxê de Xangô, o Machado SagradoPara o presidente do TJRJ, desembargador Ricardo Rodrigues Cardozo, a importância da iniciativa é reconhecer a existência de símbolos religiosos dentro de um Estado laico, sem que eles influenciem as decisões do julgador. “O Estado é laico e não deixará de ser, mas temos que reconhecer a existência dos símbolos e todos podem conviver harmoniosamente”, ressaltou.
Com lâminas duplas e que, em cada uma delas, tem olhos para ver a verdade, o Machado Sagrado de Xangô considera ambos os lados de uma questão. De acordo com Arethuza Dória, o Machado de Xangô está além do simbolismo religioso. Para os povos de matriz africana, o instrumento representa uma mensagem de equilíbrio e imparcialidade.
Presidente do Comitê de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação, o desembargador Wagner Cinelli está à frente do trabalho de resgate da história com o objetivo de fazer uma reflexão sobre o período escravocrata no País. "O Oxê de Xangô não é apenas um símbolo religioso, mas também cultural, representando o Orixá da justiça, em harmonia com os valores do Tribunal de Justiça”, disse ele.
A cerimônia contou também com a participação do 1° vice-presidente do IAB, Carlos Eduardo Machado, da desembargadora Ivone Caetano, da Mãe Márcia d’Oxum, filha da lendária Mãe Menininha, do Terreiro do Gantois, em Salvador, além de representantes de entidades dos povos de matriz africana.
(Com informações da Assessoria de Imprensa do TJRJ.)