O evento, que foi conduzido pela 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amelia Menna Barreto, também teve a palestra da presidente da Comissão de Filosofia do Direito do Instituto, Maria Lucia Gyrão, e a mediação do 1º vice-presidente da mesma comissão, Francisco Amaral. Ele elogiou a iniciativa institucional de promover debates como esse: “Essa atividade filosófica é rica e necessária porque proporciona uma reflexão sobre a ordem jurídica e sobre a prática político-jurídica brasileira. É uma comissão que se dedica a raciocinar e refletir sobre a realidade contemporânea”. A presidente da Comissão dos Direitos da Mulher do IAB, Rita Cortez, destacou a importância de promover diálogos sob o olhar feminino. “O mais importante é o fato de estarmos chamando palestrantes mulheres. Temos que ter mulheres fantásticas, que são a inteligência feminina no mundo do Direito, falando sobre essas temáticas”, afirmou.
Ao resgatar importantes nomes da Filosofia produzida por mulheres, Maria Lucia Gyrão afirmou que muitas filósofas “são muito pouco conhecidas e estudadas em virtude de uma sociedade patriarcal e misógina que excluiu a mulher do meio social e cultural, para continuar dando lugar de grande importância aos filósofos”. O apagamento, segundo Gyrão, empobreceu o conhecimento nesse campo. Estudiosas como Hedwig Conrad-Martius, Gerda Whalter e Edith Stein, que pertenceram a um grupo de investigação fenomenológica de Edmund Husserl, não recebem o lugar de destaque que merecem.
Resgatando a trajetória acadêmica das francesas Simone Goyard-Fabre e Simone Weil, Gyrão explicou que a produção filosófica feminina é também atravessada pelo pacifismo e pelo engajamento democrático. No caso de Weil, o trabalho era desenvolvido em campo, observando as misérias humanas e construindo um pensamento crítico diante de problemas sociais latentes. A advogada destacou que esses nomes são um exemplo para todos que buscam a justiça. “É necessário proclamar os direitos humanos sem qualquer tipo de discriminação, ideal dessas mulheres fantásticas, que não só escreveram, mas deram um testemunho com as suas próprias vidas do que vêm a ser fraternidade, solidariedade e respeito por cada um que caminha conosco neste mundo”, finalizou.
“Não há inexistência de mulheres filósofas, o que há é o não conhecimento da existência delas”, lembrou Leila Bittencourt. Citando nomes como a alemã Ruth Hagengruber, que estudou o pensamento filosófico feminino, e a inglesa Harriet Taylor, ela explicou que as mulheres sempre estiveram presentes na Filosofia. “Sócrates teve duas professoras: Diotima e Aspásia. Na História da Filosofia, duas grandes mulheres filósofas produziram e ensinaram Sócrates, que se tornou um dos maiores filósofos”, afirmou a advogada.