O ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Eduardo Seabra Fagundes morreu nesta segunda-feira (25), aos 83 anos. Enquanto presidente da OAB, entre 1979 e 1981, durante a ditadura militar, uma carta-bomba endereçada a ele resultou na morte da secretária Lyda Monteiro, no dia 27 de agosto de 1980.
Na época, a instituição denunciava desaparecimentos e torturas de perseguidos e presos políticos e criou a Comissão de Direitos Humanos em seu conselho federal. Em 2015, a Comissão Estadual da
Verdade do Rio de Janeiro revelou que o atentado foi orquestrado por agentes do Centro de Informação do Exército (CIE).
O pai dele, Miguel Seabra Fagundes, também comandou o Conselho Federal da OAB. Eduardo se formou em Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Também esteve à frente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), entre 1976 e 1978, além de ter sido procurador-geral e secretário de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, entre 1985 e 1986. Ele deixa duas filhas e a esposa, Marta Ayres da Cruz Athayde. A família não informou a causa da morte. O velório acontece nesta terça-feira (26), no Memorial do Carmo, no Caju (zona portuária do Rio de Janeiro).
Em nota, a OAB manifestou "profundo pesar" pelo falecimento de Seabra. "A memória de Fagundes permanecerá viva e seu legado continuará encantando a jovem advocacia brasileira em busca da Justiça”. O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, decretou luto oficial de três dias. "Ele nos ensinou que toda tarefa é relevante para homens e mulheres de Ordem. A advocacia está de luto com a perda de uma grande referência. Sofro pessoalmente por ter sido sempre acolhido e recebido dele, durante toda a minha trajetória, só apoio e incentivo”, declarou. O vice-presidente da OAB, Luiz Viana, também lamentou. “A partida do Dr. Seabra Fagundes para a eternidade nos enche de tristeza, mas nos deixa a certeza de que sua memória permanecerá viva como advogado e dirigente da Ordem, defensor da democracia e dos direitos humanos”, lamentou.
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) trabalhou com Eduardo na época do atentado. “Fui seu estagiário e depois advogado em seu escritório entre 1979 e 1983. Estava com ele quando explodiu a bomba na OAB, que vitimou dona Lyda Monteiro. Eduardo era um profissional ético, brilhante e uma das lideranças da classe”, afirmou. Para Marcus Vinicius Furtado Coêlho, ex-presidente da entidade, Seabra foi um “personagem central da história do Brasil". "Dedicou a sua vida à causa democrática e dos direitos fundamentais. Permanecerá vivo e em cada ato cívico da OAB em favor da sociedade brasileira."
FONTE: Bahia Notícias - 25/11/2019