A discriminação econômica sofrida por mulheres negras foi tema do evento Pink Tax e a mulher preta na relação de consumo, promovido pela OAB/Barra, com a participação da diretora secretária-geral adjunta do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Edmée da Conceição Cardoso. O encontro, organizado pela Comissão de Igualdade Racial da Subseção nesta terça-feira (23/9), abordou a chamada “taxa rosa”, termo usado para descrever a prática de cobrar mais caro por produtos e serviços destinados ao público feminino, mesmo quando eles são idênticos aos oferecidos para homens.
Edmée da Conceição Cardoso defendeu que é necessário, ao abordar qualquer discriminação de gênero, fazer também um recorte de raça e classe. “As desigualdades enfrentadas pelas mulheres pretas são estruturais: salários mais baixos, maior precariedade nas condições de trabalho, exclusão dos cargos de liderança e, em muitos casos, o fechamento quase completo das portas do mercado formal”, disse a advogada.
Segundo ela, para entender a pink tax é preciso saber que a interseccionalidade do gênero e da raça agrava a discriminação econômica. “Temos que denunciar como o gesto da discriminação econômica é ainda maior para a mulher preta. Por isso, reafirmo: Se você respeita meu dinheiro, deve respeitar minha pessoa”, declarou.
Em um movimento de resistência feminina negra, Cardoso sublinhou que o chamado “afroconsumo feminino” é latente e tem redefinido os padrões de mercado: “Nas feiras pretas, por exemplo, quase 90% dos consumidores valorizam produtos e serviços que incorporam referências negras; mais de 80% preferem adquirir de empreendedores negros e a grande maioria reconhece que a cultura afro-brasileira é fator de fidelização. Isso mostra que a mulher preta não é apenas objeto de um mercado excludente, mas sujeito ativo de um mercado potente.
O evento também contou com a participação da presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/Barra, Suely Beatriz Ferreira, da especialista em mercado de luxo Aline Soares, do advogado Diogo Coelho, da especialista em Direitos do Consumidor Amelia Boullosa e do professor de Direito Constitucional Osias Peçanha.
