O evento, conduzido pela pela 3ª vice-presidente do IAB, Ana Amelia Menna Barreto, e mediado pela diretora de Comunicação do Instituto, Carmela Grüne, também teve a participação das consócias Daniela Garcia Giacobbo e Lívia Bernardo de Castro Neves, membros da Comissão de Energia, Petróleo e Gás do IAB; da diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia-RS (Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico), Daniela Cardeal, e da membro do Instituto Brasileiro de Estudos do Direito da Energia (IBDE) Ana Karina Souza.
Outro ponto de destaque sobre a fonte hídrica, segundo Isabela Ramagem, é a baixa emissão de gás carbônico. “A energia hídrica também tem a peculiaridade de possibilitar um mix com outras fontes, não só de forma isolada, mas também através de usinas híbridas e associadas, que são uma tendência”. No mesmo sentido, Daniela Giacobbo destacou que o Brasil possui abundância de rios e uma topografia favorável para esse tipo de exploração. “Ao invés de nos preocuparmos com uma matriz mais limpa, nós teríamos que pensar em valorizar os atributos de cada fonte. Há possibilidade de usos múltiplos de reservatórios, por exemplo. Temos essa matriz que nos é favorável e talvez o que nós precisamos realmente é investir mais em novas tecnologias, para aprimorar essas novas fontes que estão sendo introduzidas, e de bons e seguros marcos regulatórios”, afirmou.
A tensão geral com o setor hídrico, segundo Carmela Grüne, provém de algumas experiências traumáticas com o uso de hidrelétricas. “Apesar disso, acredito que toda essa preocupação de aprender com o que deu certo e com o que não deu é importante, para que haja um diálogo com a sociedade e com as comunidades ribeirinhas e originárias”, disse a diretora. Ao apresentar um panorama do cenário das indústrias de energias renováveis no País, Lívia Castro ressaltou que há atualmente uma grande presença de projetos em energia eólica. “O ano de 2009 é o marco do primeiro leilão de eólica e por isso vemos de lá para cá esse crescimento vertiginoso das fontes renováveis no Brasil”. De acordo com a advogada, dados de 2023 indicam que a matriz brasileira tem predominância de 51% de energia hídrica, seguida pelas energias solar e eólica, com representação em torno de 12% cada.
A busca pelo uso constante de energia limpa, lembrou Ana Karina Souza, é uma pauta de consumo. “Hoje em dia vemos cada vez mais o consumidor como o protagonista nas decisões de consumo e, nesse contexto, há uma previsão legal de abertura gradual do mercado de energia para os consumidores amplamente considerados”. Ela explicou que o acesso ao mercado de energia ainda é restrito àqueles que atingem requisitos de carga e conexão e, assim, podem escolher livremente de quem vão comprar. “Há uma ausência de lei específica cuidando da abertura, mas temos uma proposta do Ministério de Minas e Energia para que a abertura total do mercado aconteça até 2028”.
O potencial energético do Rio Grande do Sul foi sublinhado por Daniela Cardeal. A diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia-RS afirmou que o Sul do estado tem grande vocação para exploração de energias eólica e solar, enquanto há no Norte uma inclinação maior para a hídrica. Nesse contexto, uma grande aposta do setor local é o investimento eólico. “Nosso mote hoje é o nearshore, que é a construção em águas rasas de empreendimentos de eólicas offshore”, explicou. Ela ressaltou que o empreendimento é pioneiro no Brasil: “Estamos conversando muito com empresas internacionais que podem trazer todo o pacote de nearshore, desde embarcações, equipamentos e toda a tecnologia de torres e conexões, para que possamos fomentar esse mercado. Tem tudo para dar certo, mas precisamos estudar bem para apoiar e desenvolver”.
Desafios de gênero no setor – Perguntadas sobre a desigualdade salarial no mercado energético, as palestrantes afirmaram que o segmento enfrenta, antes de tudo, problemas culturais. “Antes de falar da igualdade salarial, podemos falar da igualdade de tratamento. O setor talvez esteja experimentando um novo momento em que vemos um movimento de mulheres de alto escalão que incentivam outras. Até então, só tínhamos palestras com homens, com público masculino e alto escalão formado por homens”, disse Isabela Ramagem. Para Lívia Castro, há um destaque feminino no setor, mas outras mudanças ainda são necessárias. “É fundamental trazer mulheres para a mesa, para que cada vez mais elas exponham o papel que exercem no segmento”, completou Ana Karina Souza.