O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) manifesta profunda indignação com o desumano e criminoso tratamento dispensado aos pacientes acometidos pela Covid-19, que estão morrendo sufocados por falta de oxigênio em hospitais públicos de Manaus. A absurda ausência de cilindros de oxigênio para pacientes intubados é decorrente da incompetência e da desumanidade de diversas autoridades públicas. Muitas delas menosprezaram a ciência, desestimularam a adoção das medidas sanitárias recomendadas pelos especialistas e, movidas por mesquinhos interesses econômicos e eleitorais, não providenciaram o planejamento necessário à contenção da pandemia que, nos últimos 10 meses, matou mais de 207 mil pessoas em todo o País.
É inadmissível que, após o pico de internações e mortes que, em abril de 2020, levou ao colapso o sistema público de saúde e a estrutura funerária de Manaus, a capital do Amazonas sofra, em janeiro de 2021, uma nova catástrofe de dimensões ainda maiores. Nesse cenário macabro, foi preciso desapropriar um terreno para a abertura de um novo cemitério.
Mas a catástrofe não se limita a Manaus. Por falta de coordenação federal, a tragédia atinge todo o País. O IAB não vai se calar diante de tamanha atrocidade. A mais antiga instituição jurídica das Américas continuará repudiando atos e omissões que atentem contra a vida humana, como as que vêm minimizando a importância de se iniciar imediatamente a já atrasada vacinação da população brasileira.
Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2021.
Rita Cortez
Presidente nacional do IAB