Destinada a personalidades que lutam pelo direito, pela democracia, pela liberdade e pela defesa do Estado Democrático de Direito, a Medalha Luiz Gama foi desenhada por Oscar Niemeyer especialmente para o IAB, em 2009, quando o arquiteto tinha 101 anos de idade. Luiz Gama destacou-se na luta a favor da abolição da escravatura e foi responsável pela libertação de mais de mil cativos, atuando como rábula. Sydney Sanches referiu-se a Candido Mendes como “um grande brasileiro, humanista, educador que formou inúmeras gerações, responsável pela organização de uma grande instituição de ensino acadêmico e integrante do IAB desde 1969”.
Da esq. para a dir., Leonardo Iório, Andreia Navarro, Margareth Dalcolmo, Jorge Rubem Folena, Sydney Sanches, Edmée da Conceição Cardoso, Joaquim Falcão, Sergio Tostes e Victorino Chermont
Orador oficial do IAB, Sergio Tostes afirmou: “Candido Mendes foi mais do que tudo um educador, que nas horas difíceis deste País foi uma das vozes que se alevantou contra um estado de coisas que na época se apresentava como algo definitivo. Aqueles que não viveram os anos iniciais do regime militar não têm noção de como era trazida a todos a perspectiva de que um Brasil grande estava se afigurando. Mas foram vozes solitárias, como a de Candido Mendes, sendo um porta-voz da Igreja Católica, que começaram a dar a real dimensão de que a perspectiva que se apresentava era irrelevante frente ao que se passava nos porões do regime militar”.
Sergio Tostes também ressaltou: “Candido foi um homem do seu tempo, teve responsabilidade com sua herança e foi capaz de vislumbrar o futuro. Temos hoje uma grande universidade que é fruto da sua dedicação e do seu denodo. Ele vislumbrou, depois de se graduar na Faculdade Nacional de Direito, que a educação não podia se restringir apenas ao setor público, que era necessário se criarem aberturas para que o setor privado desse a sua contribuição”.
Presente à solenidade, o escritor e acadêmico Joaquim Falcão falou do vigor da voz de Candido Mendes, que permaneceu mesmo quando ele já estava debilitado. “Era a voz do pensar e do fazer. Ele era um fazedor de instituições. Era uma voz de impaciência. Tinha impaciência com o País que não dava certo, com o País que não era democrático, que não educava bem seus cidadãos, com a falta de latinidade, com o futuro do País. Ele foi advogado da maior causa: a causa dos direitos humanos. Ele nos fez melhores’, disse Joaquim Falcão.
Margareth Dalcolmo recebeu Láurea de Agradecimento
Em sua fala de agradecimento, a professora Margareth Dalcolmo disse que “Candido, sem dúvida, foi uma personalidade que marcou a história do Brasil deste século”. De acordo com ela, “nesse momento que nós vivemos, Candido certamente estaria movido por uma imensa impaciência, mas sem dúvida por uma enorme expectativa de mudança no Brasil. Ele estaria engajado da forma mais aguerrida na luta para que o Brasil vivesse dias de recomeço, de retomada, dias de democracia verdadeira, em que nós não tivéssemos mais motivos de nos envergonharmos e de nos constrangermos, como tivemos nos últimos dias”.
Agraciada com uma Láurea de Agradecimento e com uma homenagem feita por alunos e ex-alunos de Direito pelos 120 anos da Universidade Candido Mendes, a médica afirmou: “Hoje é um dia de doce saudade, de profunda emoção e de agradecimento ao IAB pelo respeito e carinho que o Candido sempre teve por esta instituição”. Segundo ela, ele sempre disse: “Eu sou cientista político, mas sou mesmo um advogado”.
Também estiveram presentes a reitora da Universidade Candido Mendes, professora Andreia Navarro; o presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Victorino Chermont; a filha de Candido Mendes, Maria Pia Mendes de Almeida, e o professor Leonardo Iório.