Rita Cortez destacou figuras que considera importantes na luta das mulheres por espaços na advocacia. Primeiramente, citou Esperança Garcia, escrava que vivia no Piauí e escreveu uma carta ao governador do estado, em 1770, denunciando maus-tratos. “Por conta disso, a Seccional da OAB no Piauí concedeu a ela, recentemente, o título simbólico de primeira advogada do estado”, contou a presidente do IAB. Rita Cortez mencionou também Myrthes Campos, a primeira mulher a exercer efetivamente a profissão: “Ela se formou em Direito em 1898, mas somente obteve a autorização para atuar como advogada em 1906, tornando-se um paradigma para todas nós”.
A presidente ressaltou também algumas iniciativas do IAB em prol da luta pela igualdade de gênero. Ela lembrou, por exemplo, que, em atendimento a uma sugestão feita pelo Instituto, a então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, assinou uma portaria, em novembro de 2019, criando a Comissão Gestora de Política de Gênero do Tribunal Eleitoral (TSE Mulheres). “Assinado por mim e pela então presidente da Comissão de Direito Eleitoral, Luciana Lóssio, o ofício à ministra teve o objetivo de propor a formação de um grupo para monitorar o cumprimento da aplicação das cotas de gênero nas eleições e ampliar a participação política das mulheres, conforme recomendação da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Para a advogada trabalhista, mesmo com conquistas expressivas, as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer. “É lamentável que, embora a Constituição garanta proteção à mulher no mercado de trabalho, esse direito ainda não seja respeitado”, criticou. Segundo Rita Cortez, a situação se torna ainda mais grave quando se juntam a desigualdade de gênero e a de raça. “Estamos em julho, também chamado de Julho das Pretas, uma importante agenda propositiva da causa feminina, mas é triste dizer que, conforme as estatísticas, 62% das vítimas de feminicídio são negras”, lamentou.
A desembargadora Kátia Junqueira também forneceu números desfavoráveis às mulheres: “De acordo com o IBGE, embora sejamos 52% da população, ocupamos apenas 15% das cadeiras da Câmara dos Deputados e 13% das do Senado”. A magistrada valorizou o trabalho desenvolvido pela Justiça Eleitoral: “Em comparação a outros segmentos da Justiça, ela está sempre na vanguarda e tem julgado com muito rigor as tentativas de fraude que visam ao não cumprimento das vagas reservadas às mulheres”.
OS MEMBROS DO IAB ATUAM EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. FILIE-SE!