Gestão Rita Cortez

2025/2028

Leis não bastam, mulheres precisam de amparo para trabalhar sem preocupações domésticas, diz Rita Cortez

Na visão da presidente da Comissão dos Direitos da Mulher do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Rita Cortez, a legislação brasileira oferece caminhos para o combate ao preconceito de gênero, mas ainda não é suficiente para garantir a equidade feminina no ambiente profissional. Na palestra O mercado de trabalho das mulheres, promovida pela entidade em parceria com a 55ª Subseção da OAB/RJ do Méier nesta quinta-feira (13/7), a advogada afirmou que é fundamental “exigir políticas públicas que amparem as mulheres e possibilitem que elas trabalhem sem se preocupar com suas responsabilidades familiares, como cuidar do marido, dos filhos e dos pais, por exemplo”. 

Durante a abertura do evento, que foi feita pela 2ª vice-presidente do IAB, Adriana Brasil Guimarães e pela presidente da 55ª Subseção da OAB/RJ, Gracia Monte Barradas, as palestrantes sublinharam que o caminho para a efetivação dos direitos femininos não está completo, já que mulheres ainda têm dificuldades para alcançar a inserção e a ascensão profissional. “Acredito firmemente que um esforço coletivo de todas nós pode transformar o mercado de trabalho das mulheres no Brasil e promover uma realidade mais igualitária e próspera”, disse Adriana Brasil Guimarães. Gracia Monte Barradas destacou a relevância de se promoverem encontros institucionais que debatam o assunto e definiu o evento como parte importante desse processo. 

Também participaram da mesa a presidente da Comissão Permanente da Mulher Advogada da subseção, Sonia Klausing, e a diretora jurídica do GP Mulheres Pretas GPMS, Suely Beatriz Ferreira, ambas membros da Comissão dos Direitos da Mulher do IAB. A presidente do grupo afirmou que a superação das desigualdades de gênero encontra resistência em diversos âmbitos da sociedade, como na família, na escola, no trabalho, nos partidos políticos e outras organizações. Entre as diversas formas de violência às quais as mulheres são expostas, ela definiu a violência patrimonial, que retira a independência financeira do indivíduo, como as das mais perversas. “Essa silenciosa violência trouxe, em contrapartida, uma preocupação maior com o emprego, com a renda e com o acesso à educação e à saúde”, disse Rita Cortez. 

Todavia, ao ingressarem no mercado, as mulheres ainda enfrentam a discriminação de gênero e outras violências. A desigualdade salarial, por exemplo, é uma das mais gritantes: elas ganham cerca de 20% menos do que homens que têm a mesma categoria de ocupação e nível de escolaridade, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE. A mudança, na opinião de Rita Cortez, virá apenas com “transformações sociais estruturais e mudanças nas desigualdades de oportunidades”. 

Ela destacou a importância de dar conhecimento às legislações que visam a garantir os direitos femininos no mercado de trabalho. “Duas leis editadas neste ano foram muito importantes para as relações de trabalho das mulheres: a 14.611/23, que pune a implementação de salários desiguais quando homens e mulheres estejam exercendo a mesma função, e a lei 14.612/23, que conceitua o assédio moral, colocando-o no Estatuto da Advocacia como infração disciplinar”, afirmou Cortez. Essas e outras normas, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ainda não garantem a equidade. “Devemos continuar a empunhar bandeiras da igualdade, liberdade, solidariedade e sororidade”, completou a advogada. 

Outro ponto destacado na palestra foi a desigualdade racial que existe entre as mulheres. “Nem de nós para nós existe igualdade”, disse Suely Beatriz Ferreira. A advogada lembrou que o movimento feminista ainda é excludente para mulheres negras, que são a base da pirâmide social. “A construção de uma sociedade justa, igualitária, com sororidade e igualdade começa por quem está na base. Nela estamos nós!”, afirmou. Promover debates sobre o assunto são formas de agir diante do cenário desfavorável, sublinhou Sonia Klausing. “Estamos tentando alcançar nossos direitos como seres humanos. Não basta verbalizar, precisamos tomar atitudes”, disse a presidente da Comissão Permanente da Mulher Advogada da 55ª Subseção da OAB/RJ. 

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