A trajetória do sociólogo, jurista e professor português Boaventura de Sousa Santos foi reconhecida pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), que lhe outorgou a Medalha Luiz Gama. A comenda é concedida a personalidades que se destacam na defesa dos direitos humanos e no fortalecimento da advocacia. A homenagem ao acadêmico, que é membro benemérito da Casa de Montezuma, aconteceu nesta segunda-feira (24/11), no Rio de Janeiro.
Conduzindo a solenidade, a presidente nacional do IAB, Rita Cortez, destacou que a honraria, desenhada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é uma das mais importantes da entidade. “Essa homenagem é uma forma de desagravo à tentativa de apagamento de um dos maiores pensadores da nossa época. A Casa de Montezuma devia esse reconhecimento ao professor. É também uma forma de reparação”, afirmou a advogada.

Da esq. para a dir., José Muiños Piñeiro Filho, Eduardo Xavier Lemos, Técio Lins e Silva, Agostinho Campos, Boaventura de Sousa Santos, Rita Cortez, Marcia Dinis, Rogério Borba e Izabel Nuñez
A mesa de trabalhos contou com a presença do ex-presidente do IAB Técio Lins e Silva; da diretora Cultural e de Atividades Artísticas do IAB, Marcia Dinis; da doutora em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) Izabel Nuñez; do diretor de Publicações do IAB, Rogério Borba; do doutor em Direito pela Universidade de Brasília (UnB) Eduardo Xavier Lemos e do desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) José Muiños Piñeiro Filho.
Ao saudar o homenageado, Técio Lins e Silva o definiu como um jurista extraordinário. “Só temos a agradecer a generosidade do professor em estar conosco nesta Casa. Até porque é sempre um prazer inenarrável ouvir um ícone acadêmico dividir seus pensamentos”, afirmou ele.
Boaventura de Sousa Santos é reconhecido internacionalmente por seus estudos sobre globalização, epistemologias do Sul e sociologia do Direito. Nascido em 1940, em Coimbra, construiu sua trajetória acadêmica na Universidade de Coimbra, onde fundou e dirigiu o Centro de Estudos Sociais (CES), um dos polos de pesquisa mais importantes da Europa em ciências sociais. Sua obra dialoga profundamente com temas como pós-colonialismo, desigualdade, movimentos sociais e a crítica ao modelo hegemônico de produção de conhecimento.
Ao longo de décadas, ele se consolidou como uma das vozes mais influentes na defesa da democratização da justiça, da ampliação da participação cidadã e da valorização de saberes tradicionalmente marginalizados. Além de sua atuação na academia portuguesa, Boaventura se tornou figura central no debate latino-americano sobre direito e sociedade, mantendo vínculos duradouros com universidades e instituições no Brasil, especialmente por meio de pesquisas sobre democracia participativa, direitos humanos e políticas emancipadoras.