Gestão Rita Cortez

2025/2028

No Rio de Janeiro, violência no trânsito mata 10 vezes mais do que casos de dengue

Daniel Soranz

Só em 2025 a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro registrou mais de 20 mil acidentes de trânsito. Segundo o secretário da pasta, Daniel Soranz, o número de casos diminuiu em relação aos últimos anos, mas a quantidade de mortes causadas por esse tipo de acidente aumentou. Os dados foram apresentados durante o evento A violência no trânsito e seus indesejáveis efeitos, promovido pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) nesta segunda-feira (22/9). “Se compararmos a taxa de mortalidade com as de dengue, por exemplo, veremos que os acidentes de trânsito superam em mais de 10 vezes as mortes causadas por essa doença na cidade do Rio”, disse o secretário.

Ele explicou que um fator novo tem preocupado o poder público e piorado a segurança do trânsito carioca: o aumento de motociclistas entregadores. “A frota de motos no Rio de Janeiro cresceu 393% entre 2011 e 2021, mas os sinistros envolvendo esses veículos cresceram três vezes mais que a frota em si”, pontuou. No Sistema Único de Saúde (SUS), só entre 2010 e 2019, houve 1,7 milhão de internações por acidentes de trânsito, com os motociclistas sendo 50% dos casos, em um custo estimado doie R$ 2 bilhões. “Por isso, aplicamos o Plano de Segurança Viária no município, com meta central de reduzir em 50% as mortes no trânsito até 2030 e alcançar zero mortes até 2035”, completou Soranz.

Adriana Brasil Guimarães

A 1ª vice-presidente do IAB, Adriana Brasil Guimarães, fez a abertura do evento e agradeceu à organização pela promoção de um debate tão importante. “É um tema de relevância não só para o Estado do Rio, mas para o Brasil. Temos que conscientizar os motoristas, mas também a população geral para que use as passarelas, espere os sinais e tome as medidas de segurança necessárias”, disse a advogada. 

Presidente da Comissão de Trânsito e Mobilidade Urbana do IAB, Armando de Souza ressaltou que o evento faz parte das atividades da Semana Nacional de Trânsito de 2025. “Temos muito pouco a comemorar e na organização deste encontro estamos destacando justamente os efeitos negativos da crescente violência no trânsito. A conta gerada por esse cenário vai ser paga por todos nós da sociedade civil e o nosso País não tem esse dinheiro”, afirmou.

Da esq. para a dir., Patrícia Monteiro Ribeiro, Armando de Souza, Carolina Pinto e Carlos Fernando de Siqueira Lima

O evento contou com palestras da superintendente da Operação Lei Seca do Estado do Rio de Janeiro, Patrícia Monteiro Ribeiro, do especialista em Educação para o Trânsito Carlos Fernando de Siqueira Lima e da advogada representante da Whoosh BR Carolina Pinto.

Ao falar sobre os acidentes que envolvem a mistura de álcool e direção, Patrícia Monteiro Ribeiro, destacou que a solução para esse tipo de comportamento social passa pelo trabalho de fiscalização e educação. A especialista sublinhou que os casos de vítimas não fatais de acidentes de trânsito no território fluminense diminuiu 38% depois da aplicação da da Operação Lei Seca. “O legislador entendeu que a única condição segura de trafegabilidade seria tolerância zero em relação ao álcool. E a nossa atuação na rua surte efeito. A sociedade do Rio de Janeiro entende a importância”, relatou. 

Carlos Fernando Lima falou sobre a gravidade dos sinistros de trânsito no País e seus impactos humanos, sociais e econômicos. De acordo com dados do DataSUS, o Brasil registra de 30 a 35 mil mortes anuais, com maior incidência entre jovens de 15 a 39 anos. “Motociclistas representam mais de 35% das vítimas fatais e também lideram as internações prolongadas no SUS, o que reduz a disponibilidade de leitos e sobrecarrega o sistema de saúde”, apontou o especialista em Educação para o Trânsito. Ele enfatizou que os acidentes não apenas desestruturam famílias, mas também acarretam altos custos à previdência e ao desenvolvimento nacional. Entre as principais causas estão falhas na engenharia de tráfego, fiscalização insuficiente e, sobretudo, o comportamento humano. 

Representante da Whoosh BR, empresa de patinetes elétricos por aluguel, Carolina Pinto apresentou as medidas que têm sido adotadas para colaborar para a melhora do trânsito no Rio de Janeiro. De acordo com a advogada, a empresa estipulou a limitação de velocidade dos patinetes, que só podem andar a 20km/h, além de adotar pontos fixos de estacionamento e proibir o uso nas calçadas. “Mas não há regulamentação que funcione se não tivermos a conscientização da população. As pessoas que usam patinete, andam também de carro e de moto, já que no Rio de Janeiro o público faz o uso para lazer. Se não há respeito no trânsito no dia a dia, também não o teremos no turismo”, afirmou. 

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